São Paulo (AUN - USP) - Já é aplicado na clínica de Fonoaudiologia da USP um questionário capaz de avaliar o nível de qualidade de vida de crianças surdas entre 7 e 11 anos. O questionário é simples e baseado em imagens, para que a criança possa compreender as perguntas e preenchê-lo independente de saber ler ou conseguir escutar as instruções.
O LSQ (Listening Situations Questionnaire) traz situações do cotidiano que podem se tornar difíceis devido à deficiência auditiva, como falar ao telefone, conversar com outras crianças ou dançar uma música.
O modelo foi criado na Universidade de Manchester e traduzido pela fonoaudióloga Luciana Regina Carvalho, para sua dissertação de Mestrado “Qualidade de vida da criança surda de 7 a 11 anos: o papel do aparelho de amplificação sonora individual”. O motivo da faixa etária selecionada é a falta de estudos voltados para essa fase do desenvolvimento da criança, que é justamente a do ingresso na vida escolar.
O que se observou foi uma menor qualidade de vida em crianças com deficiência auditiva. Além da dificuldade para aprender a ler e escrever, a comunicação se mostrou prejudicada não apenas com outras crianças mas também com a própria família. “A língua de sinais é fácil para a criança surda, mas não adianta só ela aprender se quem mora com ela também não aprender. E muitos adultos têm certa resistência à língua de sinais, e muitos tem dificuldade”, explica Luciana.
Aparelho auditivo
Outro problema identificado por Luciana foi a dificuldade de lidar com o aparelho auditivo. No caso de famílias de menor renda, o SUS (Sistema Único de Saúde) cobre o aparelho em si, mas não o acompanhamento necessário para sua adaptação.
Assim, muitas vezes famílias não aprendem a lidar com o aparelho, têm medo de quebrá-lo, não sabem manuseá-lo corretamente. Em muitos casos vezes as próprias crianças têm vergonha de usá-lo ou acham estranho o som robotizado que o aparelho produz, diferente do som da voz humana que estamos acostumados a ouvir.