São Paulo (AUN - USP) - O Projeto Armando o Barranco, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, está capacitando os moradores da favela Real Parque, na zona sul de São Paulo, a se precaverem contra os riscos dos acidentes geológicos, como deslizamentos e enchentes.
Contando com sete alunos da Geociências e do Instituto de Geofísica que visitam a região todos os sábados, o projeto está mapeando as áreas de risco para discutir soluções com a comunidade. Após esta etapa, será criado um plano preventivo adequado à realidade local, de preferência utilizando o lixo, como pneus e garrafas, para construir a contenção das encostas. Além disso, no final da capacitação a favela contará com uma equipe de moradores preparada para atuar em casos de acidentes, de forma análoga a uma brigada de incêndio.
Segundo Fabrício Araujo Mirandola, aluno do 5º ano do curso de Geologia e integrante do projeto, o Armando o Barranco foi criado para concorrer na 2ª Edição do concurso Projeto Soluções, promovido pelo telejornal SPTV, da Rede Globo, juntamente com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). “Para participar, era necessário somente o projeto escrito, mas ficamos tão entusiasmados com ele que começamos a implantá-lo antes do resultado do concurso”, afirma Fabrício. Concorrendo com mais de 70 trabalhos, o projeto ficou em 2º lugar.
O Armando Barranco é financiado pelo Fundo de Cultura e Extensão da USP e conta com o professor Armando Barranco Boggiani como orientador. De acordo com ele, os alunos, além de consolidarem seus conhecimentos em Geologia, adquirem uma ótima experiência do contato com a comunidade carente.
Acidentes constantes
No Brasil, são muito comuns os problemas relacionados aos riscos geológicos exógenos (originados na superfície terrestre), os quais são suscetíveis à intervenção humana, tanto na causa como na prevenção, como deslizamentos, enchentes e erosão.
O rápido crescimento das áreas urbanas, especialmente na região Sudeste, contribuiu para o aumento dos acidentes, sendo muito comuns nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória. Nestes locais, a ocupação avançou sobre as áreas mais problemáticas e envolve as populações de mais baixo poder aquisitivo, pois suas moradias são construídas de forma inadequada. Somente no Município de São Paulo, são registradas em média mil ocorrências por ano de acidentes resultantes das chuvas, as quais são mais incidentes nos meses de novembro a março.