ISSN 2359-5191

03/12/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 24 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Pesquisador inicia estudo de padrão ortodôntico brasileiro

São Paulo (AUN - USP) - Com o propósito de “libertar” os pacientes brasileiros de padrões importados de beleza, que vão do peso, da estética corporal até a conformação ortodôntica, um professor da Faculdade de Odontologia está iniciando uma pesquisa para definir as medidas de referência para o diagnóstico ortodôntico dos casos brasileiros.

Os rostos dos americanos e europeus são bastante parecidos. No Brasil, a intensa miscigenação de raças fez com que a face dos brasileiros se diversificasse. Com as misturas de raças, algumas das medidas que norteiam os tratamentos ortodônticos e guiam os profissionais da área pelo mundo afora podem estar inadequadas ao padrão brasileiro. Segundo José Paiva, o idealizador da pesquisa, “brasileiro é muito misturado. É preciso adequar estas medidas à nossa sociedade”.

Para a pesquisa, serão selecionadas cerca de 100 pessoas já cadastradas pela faculdade. Será tirada uma foto do rosto de cada uma. Essas fotografias serão analisadas pela equipe de ortodontistas, que julgarão visualmente o rosto de cada uma de acordo com critérios de observação direta. Eles tentarão classificá-los, de acordo com a anomalia que possam ter, se são equilibrados ou não. Depois serão analisados por leigos, que julgarão a harmonia de cada rosto de acordo com critérios pessoais. A equipe confrontará os dois resultados, para comparar a visão de especialistas e de pessoas não ligadas à ortodontia com relação ao equilíbrio harmônico facial.

A segunda parte do estudo envolverá aparatos técnicos, e não apenas o olhar. Será providenciada a documentação ortodôntica de cada um, contendo um modelo do arco dentário em gesso e uma radiografia de perfil. A partir da radiografia, o rosto do paciente será esboçado num papel e todas as medidas esqueléticas serão quantificadas, entre elas, as angulações e distâncias entre os pontos pré-determinados internacionalmente.

As medidas dos rostos considerados equilibrados, tanto pelos ortodontistas, quanto pelos leigos, serão comparadas com os valores numéricos de referência internacionais para verificar quais deles condizem com o padrão brasileiro e quais são distintos. Os desvios numéricos serão quantificados. Se possível, alguns dos números que apresentarem desvio em relação ao padrão internacional serão adequados à nossa sociedade. Os novos valores serão uma referência para o trabalho dos ortodontistas do país, que estiveram sempre condicionados a importar seus parâmetros.

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