São Paulo (AUN - USP) - Será inaugurada nos próximos dias a primeira sala de restauração e conservação do Instituo de Estudos Brasileiros (IEB). Apesar de possuir um grande acervo, repleto de obras muito antigas e de grande valor histórico, eram a improvisação e o jogo de cintura da equipe de restauro que mantinham essa coleção riquíssima em condições de uso para pesquisadores e estudantes interessados.
Um exemplo da importância desse trabalho é a restauração de um material sobre o Barão de Itararé doado ao IEB. O local onde era guardado o acervo sofreu uma inundação e os documentos e obras chegaram ao Instituto em péssimas condições, muitos ainda cobertos com lama da enchente. Coube aos restauradores, com todas as limitações estruturais, salvar esse acervo histórico de uma figura muito relevante do século que passou.
O projeto da nova sala é dividido em duas etapas. A primeira, que será concluída em breve, é a reforma e adequação de um ambiente para o uso dos restauradores. A segunda etapa consiste na equipagem da sala com máquinas próprias para o trabalho de conservação e restauração, como um deionizador, que faz uma filtragem especial, eliminando o ferro, e um tipo de uma coifa móvel, que retira do ar os vapores químicos liberados em alguns trabalhos. Essa equipagem, porém, não é certa. Tudo depende do resultado de um concurso anual realizado pela Fundação Vitae, no qual concorrem bibliotecas, museus e institutos de todo país. O projeto do IEB já foi selecionado para a segunda e última fase, a ser feita em fevereiro de 2004. A instituição escolhida recebe da fundação os recursos necessários para realizar o projeto.
Para Lúcia Thomé, responsável pelo setor de restauração, apenas essa primeira etapa já representará uma melhora substancial para o trabalho da equipe. Com a sala, restaurações mais complexas, que envolvem banhos de água pura, ou água com hidróxido de cálcio poderão ser realizadas sem muitos problemas. Hoje, esses banhos, que servem para tirar a acidez dos documentos e retardar o processo de envelhecimento, são feitos de forma precária na sala reservada para a consulta das obras do Instituto. Mesmo outros processos mais simples, como esfregar pó de borracha, requerem um ambiente próprio, sem ter que disputar espaço com outras áreas do Instituto.
Sem as instalações necessárias, quando a obra exigia um trabalho mais complicado, Lúcia costumava pedir para outros laboratórios materiais e equipamentos. "A gente estava sempre improvisando, mas nem por isso deixamos de trabalhar" explica a coordenadora da restauração. Trabalham tanto e tão bem que o setor de restauração não pára de receber oferta de estagiários, ávidos para botar a mão na massa e aprender um pouco dessa tão comum e necessária criatividade de quem resolve muitos problemas com poucos recursos. Às vezes, nenhum.