São Paulo (AUN - USP) - O Brasil é o país onde 40,29% dos jovens, em 2006, disseram à pesquisa do IBGE terem saído da escola por desmotivação. Com esse dado, Amaury Gremaud, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) da Universidade de São Paulo, defende o aumento de porcentagem do PIB destinado à educação. “Talvez tenhamos que colocar mais dinheiro, não necessariamente 10% do PIB, mas de repente 5% ou 6%.”
O professor abordou o panorama atual do ensino público no Brasil, ressaltando o quanto a educação influencia no futuro de cada estudante e o que, ao final, causa impacto no futuro do país, num seminário realizado na FEA com o tema Educação: avanços e desafios, no dia 29 de maio.
É fato conhecido que as escolas, sobretudo as públicas, não conseguem conter a evasão, nem o baixo rendimento dos alunos hoje. No Brasil, a educação é baseada num modelo arcaico e deficiente que não valoriza o professor e que não recebe financeiramente o apoio necessário. Hoje, a eficiência e qualidade são grandes problemas. É preciso investir em professores, na qualificação da formação deles e em sua contínua atualização.
A qualidade dos estudos influi na existência de desigualdade de mão de obra e nos salários. Amaury mostrou um gráfico em que nota-se a discrepância entre o quanto ganha uma pessoa com ensino superior completo e o quanto ganha aquela com ensino fundamental, apenas. Isso reflete no cenário nacional, pois o custo para o País acaba sendo muito alto, já que o ensino básico impacta no ensino superior e os profissionais terminam por não ter a devida qualificação.
A escola brasileira é aquela que tem a taxa de repetência alta, mesmo quando comparada a países vizinhos como a Argentina, além da progressão continuada que ajuda a formar mais analfabetos funcionais. O professor acredita que esse seja uma medida interessante. Entretanto, essa política educacional foi estabelecida em outros países de maneira vinculada a uma forma diferente de educação e ensino, não servindo, portanto, para o atual sistema brasileiro.
Apesar dos resultados serem ruins, Gremaud assegurou que tem melhorado bastante. A educação passou por uma democratização e o País tem um número bem maior de universitários hoje em dia. Entretanto, segundo o especialista, há urgência na melhoria, primeiramente, do ensino básico para transformar também o superior.