São Paulo (AUN - USP) - Em sessão do projeto Cinema e Corpo, o documentário Sementes do Nosso Quintal, dirigido por Fernanda Heinz Figueiredo, teve sua pré-estréia no Cinusp Paulo Emílio, cinema da Universidade de São Paulo. Após a exibição do filme o professor Marcos Ferreira Santos, da Faculdade de Educação da USP, deu uma palestra sobre o tema Corpo e Infância e, junto com Fernanda, conduziu um debate com o público. A pré-estréia ocorreu no final do mês passado. O filme mostra o dia a dia da pré-escola Te-arte e serviu como base para a palestra de Marcos, que falou sobre o modelo tradicional de educação e escola em oposição ao que acontece na Te Arte.
Baseado no livro De Volta ao Quintal Mágico, da jornalista Dulcília Shroeder Buitoni, o documentário mostra o espaço de desenvolvimento, aprendizado, brincadeira e contato com a natureza que é a pré-escola Te-arte, muito diferente das escolas tradicionais. Os depoimentos de alunos, pais, funcionários e da própria fundadora da Te-arte, Terezita (Thereza Soares Pagani), recriam o ambiente da escola e encantam por “entrar no universo infantil sem infantilizá-lo e tratar a criança como um ser completo”, nas palavras de Marcos Ferreira.
Ferreira começou falando sobre o filme e sobre o a escola de Terezita. Para ele ambos respeitam e valorizam o tempo da criança. “Não dá para você entrar nesse universo sem comungar com o tempo”, diz ele. A Te-arte vai na contramão do “furor pedagógico” de encher a criança de atividades e lições o tempo todo, a escola dá espaço para a criança, dá tempo para ela ficar sozinha. Marcos acredita que esse respeito à solidão da criança é fundamental para que ela consiga fazer as suas próprias descobertas.
Durante o debate, o professor criticou o modelo tradicional da educação e o “escolacentrismo”. “Tudo aquilo que aprendi eu aprendi apesar da escola.” E, segundo Marcos, por isso mesmo a crítica frequentemente feita de que escolas alternativas como a Te-arte não preparam bem uma criança para o mundo não se sustenta. Para ele a criança sai dessas escolas melhor preparada.
Apesar de admirar o modelo de ensino de Terezita e da Te-arte, Marcos acredita que copiá-lo não seja a solução para a educação: “Se transformar isso em política pública mata a experiência”. Ele acredita que o filme deve servir de inspiração para cada escola desenvolver sua “poética pública”.
Sementes do Nosso Jardim será exibido novamente no 14ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica. Dezenove filmes participam do festival, que acontece de 26 de junho a 1° de julho, na Cidade de Goiás.