ISSN 2359-5191

17/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 05 - Meio Ambiente - Instituto de Geociências
Grupo pesquisa os impactos ambientais causados pelo turismo ecológico

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa realizada por profissionais e estudiosos de diversas áreas relacionadas ao meio ambiente produziu um relatório sobre os problemas ambientais, causados pelo turismo ecológico no Estado do Mato Grosso do Sul. A área estudada foi a região da Serra da Bodoquena, especificamente a Gruta do Lago Azul e a Gruta de Nossa Senhora Aparecida, que está fechada para a visitação devido à falta de infra-estrutura para receber o público. No estudo, pesquisou-se os problemas causados pela presença humana nesses lugares e verificou-se também a presença de vetores de doenças que podem causar a morte. A pesquisa foi coordenada pelo professor e doutor da USP Paulo Boggiani, e contou com a colaboração de uma equipe de pesquisadores de várias áreas, da Geologia à Biologia.

O turismo ecológico geralmente é incentivado pelo próprio governo dos Estados brasileiros que possuem belezas naturais, pois gera desenvolvimento do setor turístico. No entanto, a simples presença humana produz uma alteração no ambiente que pode chegar a ser irreversível. Foi a partir dessa desvantagem causada pela atividade turística que surgiu a pesquisa, focada em detectar os impactos ambientais e sugerir soluções para esse problema. Segundo o professor Paulo Boggiani, os problemas são sérios, tanto para o ambiente, quanto para quem visita a gruta. Daí a necessidade de se monitorar a atividade turística nessas áreas.

A iluminação que é colocada para receber os turistas, por exemplo, pode ressecar as formações do interior da caverna, o chamado espeleotema. Esse tipo de estrutura merece tanto cuidado, que a própria respiração do visitante já é suficiente para causar danos. O gás carbônico expirado torna o ar mais ácido, dissolvendo estruturas mais frágeis. Além do fato de o turista trazer, pela respiração, microorganismos de fora para dentro da caverna, que podem encontrar lá um ambiente propício para seu desenvolvimento, desequilibrando a cadeia alimentar daquele lugar.

O grupo também monitorou por um ano a variação de temperatura e umidade dentro das cavernas. Essa mudança pode levar a outras, como o aparecimento de samambaias e outras plantas que não surgiriam naquele lugar naturalmente.

Por outro lado, a natureza também não é tão "inofensiva". Pesquisou-se também algumas doenças que o indivíduo pode adquirir dentro da gruta, que podem até levar à morte. Existe um fungo encontrado nas fezes de morcegos que causa a histoplasmose, que pode ser contraída pela respiração. Além dessa, a pessoa tem a possibilidade de contrair a leishmaniose, adquirida através da picada de um mosquito muito encontrado em cavernas.

Em 2002 o projeto foi protocolado pelo IBAMA, mas só recentemente foi emitido um parecer. Foram feitas algumas reformulações, mas o próprio coordenador reconhece a dificuldade de se implementar um projeto como esse, que busca a regulamentação dos empreendimentos turísticos. Muitos desses empreendimentos estão em propriedades privadas e uma diminuição da capacidade de suporte imposta pelo Estado significa uma diminuição do número de visitantes e, consequentemente, dos lucros obtidos, uma coisa que ninguém está disposto a aceitar facilmente.

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