São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em parceria com a St. George’s Hospital Medical School University, da Inglaterra, concluíram que quanto maior a exposição da grávida à poluição, mais chances haverá do bebê nascer com um peso abaixo do normal. Em conseqüência disso, o risco de contrair doenças e de morrer no primeiro ano de vida aumenta muito. Além disso, será uma criança com uma saúde mais frágil e, quando adulto, poderá desenvolver algumas doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

Também estudaram o período de gestação das mães. No primeiro trimestre da gravidez, quando a placenta está se formando, a presença de material particulado (uma espécie de poeira, produto da combustão dos carros) diminui a quantidade de vasos sangüíneos que fornecem alimento para o feto. Isto significa que o bebê não recebe alimentação suficiente para se desenvolver totalmente. Já no terceiro trimestre, com o feto já formado, o monóxido de carbono impede uma melhor oxigenação ao sangue do bebê, levando a um déficit de crescimento.

Em São Paulo, apesar da melhoria que a saúde pública teve nos últimos 20 anos, como a acessibilidade a tratamentos médicos e o aumento de exames pré-natais feitos pelas gestantes, não se percebeu uma mudança significativa no peso dos recém-nascidos. Ou seja, continuou havendo uma alta incidência de bebês com baixo peso. Isso também foi percebido em outros países, como China e República Tcheca.

Com esses dados, o epidemiologista Nelson Gouveia e seu grupo pesquisaram a influência da poluição atmosférica sobre a gravidez. Durante um ano, estudaram o peso de 179 mil recém-nascidos da capital paulista. Os dados relacionados à qualidade do ar foram fornecidos pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) de São Paulo.

Mais para frente, Nelson Gouveia quer descobrir o quanto o tabaco, a escolaridade da mãe, a idade e o tipo de parto influem no peso dos bebês, incluindo nessa relação a exposição da gestante à poluição atmosférica.