São Paulo (AUN - USP) - Consumo de drogas na Universidade de São Paulo. É esse o tema das pesquisas e do trabalho do Produsp, Programa de Prevenção e Tratamento do Uso de Drogas desenvolvido pelo Grea, Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas, do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O objetivo desse grupo é o de estabelecer um debate crítico sobre as drogas dentro da comunidade universitária.
Pouco conhecido tanto dentro quanto fora da universidade, o programa, coordenado pelo médico André Malbergier, atende funcionários docentes e não-docentes, alunos e seus familiares, que estariam envolvidos com algum tipo de droga. Além disso, promove cursos, palestras, concursos, grupos de discussão e mesas-redondas.
A psicóloga do setor de prevenção do programa, Thais Laranjo, diz que as atividades funcionam bem com os alunos, pois são interativas e propõem uma “reflexão crítica” sobre o uso de drogas. Ao contrário de adotarem uma postura terrorista com relação ao tema, os cursos possuem uma forma mais dialogada e mais informal, não impondo um determinado ponto de vista ao público. “Esse tipo de atitude é, no mínimo, antipática”, diz Thais.
No final de cada aula, é normal virem jovens contar suas experiências pessoais ou tirarem dúvidas com relação ao uso de drogas. “Até alunos que usam drogas possuem dúvidas. Eles não são muito bem informados”, conclui Malbergier, que também participa dos cursos.
Já, os professores não mostram muito interesse em falar sobre o tema como principal alvo da discussão. No entanto, não há muitas atividades oferecidas especificamente para eles. Segundo o médico, os docentes até possuem interesse, mas o que falta é disponibilidade de tempo da parte deles.
O Produsp iniciou as suas atividades, em 1995, com o uma pesquisa sobre o consumo de drogas pelos alunos de graduação da USP. A partir daí, ações preventivas foram planejadas e aperfeiçoadas continuamente. Na verdade, elas foram primeiramente oferecidas aos funcionários não docentes devido à uma demanda maior e à melhor receptividade. É o próprio chefe que encaminha o dependente para fazer o tratamento, além de acompanhar todo o processo. A prefeitura do campus aderiu ao programa desde 1999, obtendo bons resultados desde então.
O tratamento é feito no Hospital Universitário (HU) e é gratuito. A primeira consulta deve ser marcada no próprio HU no Setor de Assistência, que trata dos dependentes de drogas da USP. O atendimento oferecido é ambulatorial, ou seja, o paciente participa semanalmente de um grupo de psicoterapia e recebe acompanhamento periódico de um médico. Há também sessões que focam justamente no comportamento que a família deve ter com o dependente químico.
O Produsp já atendeu 530 pacientes desde 1997, em sua maioria dependentes de álcool. Em 2003, os viciados em tabaco foram os que mais procuraram o programa, seguidos dos que dependem de bebidas alcoólicas, isto é, duas drogas lícitas. Os homens procuram assistência com mais freqüência do que as mulheres. Geralmente, eles têm mais problemas com o álcool, e elas com o tabaco.