São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa do Departamento de Pediatria da FMUSP pretende traçar as características clínicas de recém-nascidos de mães adolescentes no HU. Traçado esse perfil que levanta também a idade exata das mães, as doenças mais freqüentes das crianças e suas causas, o estudo pretende contribuir para o combate a vulnerabilidade deste segmento de gestantes. Baseado numa amostra de 220 partos de mães adolescentes, num universo de 1.552 partos de recém-nascidos vivos registrados no HU no período de abril a setembro do ano passado.
“As mães muito jovens têm tendências a ter crianças com mais problemas do que as com idades mais avançadas, o que não significa que a adolescência seja um fator limitante para uma gravidez tranqüila”, esclareceu professora Vera Lúcia Krebs, coordenadora da pesquisa.
O atendimento adequado aos filhos de mães adolescentes depende muito desse estudo porque a principal dificuldade aparece quando o filho retorna ao hospital. Ele é cuidado de forma insatisfatória não só por falta de procedimentos adequados, mas também por condições inerentes à própria mãe, conseqüentemente, essas mães contribuem para a mortalidade infantil neonatal. “É importante para a sociedade fazer profilaxia, prevenindo-se dos problemas que possam estar contribuindo para o aumento das taxas de mortalidade das crianças nesses seus primeiros anos de vida, esse estudo visa fundamentalmente isso”, disse a entrevistada.
O trabalho, que é um projeto de iniciação científica de Lílian Renata Fiorelli, estudante do terceiro ano da FMUSP, revelou que os 220 partos de mães adolescentes, correspondem a 14,7%. Segundo a professora Vera Lúcia Krebs, infelizmente a taxa elevada de mães adolescentes se reflete na elevada freqüência destas na terapia intensiva neonatal. “Além de ser grande o número de mães adolescentes em São Paulo, cerca de 1/3 da taxa de freqüência em terapia neonatal é de mães adolescentes”.
Da amostra, registrou-se o peso médio de 3006,47g numa variação de 430g a 4335g. Malformações como comunicação inter-ventricular, papiloma pré-auricular, displasia congênita de quadril, nevus e hemangioma gigante,chega a 4,09% destacando-se um caso de malformações múltiplas que evoluindo para óbito, apresentou ao estudo o percentual de 1,8% referente a mortalidade. Lílian Fiorelli, afirmou que, provavelmente por causa do HU não ser o ponto de referência para mães adolescentes não se registrou um número elevado de mães extremamente jovens, mas acrescentou que isso não prejudica o estudo.
A pesquisa se encontra na fase de analise estatística dos resultados e ficará pronta em finais de junho. Mas para Lílian Fiorelli a meta mais interessante é a conscientização das mães adolescentes sobre os riscos da gravidez em jovens, assim como prevenção dos problemas mais comuns e orientação dos profissionais.