ISSN 2359-5191

08/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 106 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Professor da ECA lança livro sobre a cibercultura das últimas décadas

São Paulo (AUN - USP) - No dia 23 de outubro, a Escola de Comunicações e Artes da USP recebeu o lançamento do livro “Fascinação e Miséria da Comunicação na Cibercultura”, mais recente obra de Ciro Marcondes Filho, pesquisador do CNPq, professor titular de Teoria da Comunicação da ECA e coordenador do Núcleo de Estudos Filosóficos da Comunicação (FiloCom).

Participaram do debate de lançamento do livro, além do autor, os professores Eugênio Trivinho, da PUC-SP, Massimo Di Felice, da ECA, e Yvette Piha Lehman, do Instituto de Psicologia da USP.

Eugênio Trivinho ressaltou a importância da obra para o recente estudo da cibercultura, que data de aproximadamente 20 anos de existência: “A obra vem contribuir para o desenvolvimento crítico desse campo. Não é só uma obra de reflexão, mas de interação sistemática, intensa, com diversos autores que tratam de cibercultura, comunicação, educação, psicanálise”.

No debate, discutiram-se, principalmente, os riscos que o uso excessivo das novas formas de tecnologia da informação pode trazer para as relações humanas, discussão proposta no livro de Ciro Marcondes Filho. “O pressuposto da comunicação é que ela se tornou uma necessidade. Mais do que um valor, é um imperativo de época. E como imperativo, é violenta, expurga o seu contrário, que é o silêncio e o segredo”, afirma Eugênio Trivinho. Não há mais assuntos relativos somente ao indivíduo, tudo é compartilhado e dividido de maneira compulsória. “A intimidade torna-se externidade”, afirma a professora Yvette Piha.

Yvette analisa o uso das redes sociais como forma de existência virtual, desejo de pertencer a um grupo, ser aceito pelos outros: “Não pertencer é uma angústia. A ideia é que há uma dinâmica ali e um processo de pessoas usando essa dinâmica como elemento de existência. No Facebook, a gente não consegue morrer. Como matar uma pessoa na rede social? Ela continua recebendo mensagens, torna-se de certa forma imortal”

Mas a pesquisadora alerta para a dependência e os problemas de relacionamento que o uso excessivo dessas ferramentas pode causar: “Se não discriminarmos entre o real e a brincadeira, o ciberespaço pode ser um espaço de atualização de uma solidão que parece ser acompanhada, mas dentro de uma identificação especular. Torna-se uma patologia de preenchimento vazio”.

Ciro Marcondes Filho, que durante seus anos de pesquisa desenvolveu uma teoria própria sobre a comunicação, no livro acaba por concluir que as novas formas de interação no ciberespaço podem fechar o indivíduo em sua redoma e não permitir que ele se abra para as possibilidades de interação com o mundo real. Yvette completa: “A comunicação no mundo real se torna anticomunicação. O mundo real fica mais trabalhoso, difícil, e o desafio do encontro fica mais empobrecido”.

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