São Paulo (AUN - USP) - O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, Paulo Roberto Feldmann, divulgou durante o VII Seminário do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) em parceria com a Fundación Mapfre de prevenção e meio ambiente, a pesquisa que os dois institutos – IEE e FEA – estão desenvolvendo sobre o carro elétrico no Brasil. Outras empresas do setor privado colaboram com a pesquisa, além da Empresa de Energia de Portugal (EDP), maior empresa estatal de Portugal e responsável pela distribuição de energia em uma parte do estado de São Paulo e em todo o Espírito Santo.
O projeto surgiu da necessidade de desenvolvimento do veículo elétrico no País, que está bem defasado quando comparado a outros países, principalmente na Europa. “Os outros países estão todos avançando, e nós estamos ficando para atrás”, afirma o professor Feldmann. Nessa experiência, cerca de oito táxis elétricos que circulam pela cidade de São Paulo devem abastecem no eletroposto do IEE. Porém, somente dois comparecem assiduamente ao Instituto.
De acordo com os cálculos desenvolvidos, a recarga da bateria de um volt requer 24 quilowatts por hora, o que equivale ao consumo de um chuveiro elétrico por sete horas. Convertendo esse gasto energético em custos, o motorista do táxi gasta aproximadamente R$ 5 para andar 120 quilômetros. Abastecendo o tanque de gasolina a fim de rodar a mesma quilometragem, o motorista gasta R$ 32. “O abastecimento elétrico é sete vezes mais barato que o custo de abastecimento com gasolina”, conclui Paulo Roberto.
A frota total de veículos elétricos no Brasil não chega a 100, enquanto em outros países, como a China, há quase 500 mil carros elétricos circulando pelas ruas e avenidas. A explicação para o atraso brasileiro na disseminação desse veículo, na opinião do professor, está na falta de incentivos do governo para a compra.
Ainda usando como exemplo o país asiático, o professor explica: “Na China, um veículo elétrico tem cerca de 10 mil dólares de incentivo dentro dele. Isso explica o grande número.” Para exemplificar, o professor fala da França, onde os proprietários de carros elétricos não pagam estacionamento. “Há custos para o governo dar esses incentivos, mas por outro lado, tem uma série de benefícios. Somos um dos maiores produtores de automóveis do mundo, e o único que não tem uma montadora própria. É a hora de termos uma política voltada para o desenvolvimento do carro elétrico.”
O professor critica duramente a apatia nacional relacionada ao desenvolvimento e consumo do carro elétrico: “Enfiamos a cabeça em um buraco e não queremos saber que existe uma coisa chamada carro elétrico aí fora. O Brasil está perdendo uma grande oportunidade nesse assunto”.