No dia 18 de setembro, aconteceu a defesa da primeira dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Taxonomia Animal e Biodiversidade, do Museu de Zoologia da USP (MZ/USP).

O trabalho do mestre Henrique Miranda Rodrigues tinha o objetivo de rever a classificação taxonômica dos insetos conhecidos popularmente como louva-a-deus, pertencentes à ordem Mantodea. Isso porque pesquisas atuais demonstraram que a classificação das mais de 2,3 mil espécies adotada hoje em dia não corresponde ao processo evolutivo da ordem. Além disso, o estudo buscava avaliar a utilidade das genitálias masculina e feminina desses animais para a taxonomia do grupo.

Por meio da utilização de materiais de coleções científicas, a revisão do gênero Stagmatoptera foi realizada, com o intuito não só de investigar a validade da classificação atual, mas também a existência de espécies não descritas. Ao fim do estudo, houve a identificação de duas novas espécies e constatou-se que o número destas dentro do gênero é menor, propondo uma nova classificação. Os órgãos sexuais dos louva-a-deus, por sua vez, se mostraram importantes para a diferenciação das espécies.

Pós-Graduação no Museu de Zoologia

O Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Taxonomia Animal e Biodiversidade do Museu de Zoologia é oferecido para alunos de mestrado e doutorado desde 2011. O Programa incentiva trabalhos nas áreas de sistemática, taxonomia, reconstrução filogenética e biogeografia, além de outros segmentos ligados à biologia evolutiva.

“O Brasil, como detentor de uma das maiores biodiversidades do planeta, possui grande necessidade de profissionais de alto nível capazes de identificar, mapear e compreender profundamente esta diversidade biológica, em sua maior parte ainda não estudada e cujas dimensões exatas ainda não foram determinadas”, diz Marcelo Duarte da Silva, vice-coordenador do Programa, ao explicar a importância da pós-graduação no MZ.

Os estudos, em geral, tratam de um grupo específico de animais e principalmente daqueles que contam com exemplares no acervo do museu. Para a dissertação de Rodrigues, por exemplo, dentre as coleções consultadas, o acervo do Museu de Zoologia foi fundamental. “As coleções e a infraestrutura de pesquisa estrategicamente construída nos museus de história natural representam, em combinação, um recurso que nenhum outro tipo de instituição de pesquisa é capaz de oferecer”, justifica o vice-coordenador.

Em relação aos outros programas de pós-graduação na área, que se concentram completamente no conjunto de seres vivos estudado, o do MZ oferece um diferencial: “Os formados pelo Programa compartilharão um conhecimento amplo em teoria e métodos de biologia sistemática, taxonômica e filogenética, com formação adicional em grupos específicos de organismos e em tópicos de biologia evolutiva”, define Silva.

Outra característica do Programa é que ele promove a sua internacionalização. Além de receber alunos estrangeiros, o Museu de Zoologia incentiva a relação com laboratórios no exterior. Atualmente, há nove pós-graduandos de outros países no Programa: 6 da Colômbia, 2 do Chile e 1 da África do Sul. Também, há 2 alunas do MZ estagiando no Museu de História Natural de Washington (National Museum of Natural History), nos Estados Unidos.

Para este ano, estão previstas mais cinco defesas de mestrado do Programa.