A era de ouro do cinema norte-americano, que ocorreu entre o final da década de 1920 a meados de 1950, revelou inúmeros talentos para a sétima arte. Tratava-se de uma “resposta” à profunda crise econômica que os Estados Unidos enfrentavam com o crack da bolsa de Nova York, numa busca por um cinema mais humanizado, privilegiando discussões acerca da sociedade e às realidades políticas e econômicas da época.
Diretores como Orson Welles, Frank Capra e John Ford, são exemplos dessa busca por um “novo cinema”, mais conectado às profundas mudanças que o mundo encarava. Neste contexto, não tão reconhecido pelos críticos como os outros diretores, mas produto de um período rico para a cinematografia de Hollywood, surge Robert Wise.
Nascido em 10 de setembro de 1914, em Manchester, Indiana, queria se tornar jornalista, mas a depressão econômica impossibilitou seu desejo e o forçou a tentar a sorte em Los Angeles. Foi carregando latas de filmes que Robert iniciou sua carreira em Hollywood, sendo “promovido” a montador de som, contribuindo na produção de O Delator (The Informer, 1935) de John Ford.
O reconhecimento só veio quando Robert Wise participou da montagem de Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), obra-prima de Orson Welles e considerada por muitos especialistas, o longa mais importante da história do cinema. Essa parceria durou até a produção de Soberba (The Magnificent Ambersons, 1942), filme em que Wise, na condição de editor, cortou trechos na ausência de Welles, diretor. Sua estreia na direção viria em 1944, com A Maldição do Sangue da Pantera (The Curse of the Cat People, 1944), terror sobre uma menina que não consegue distinguir sonho de realidade e acaba desenvolvendo tendências psicopatas.
O que se segue é uma longa carreira, que flutua por variados gêneros, atraindo para o diretor um público heterogêneo. E é esse público que o CINUSP Paulo Emílio busca trazer para sua mostra, em homenagem ao centenário de Robert Wise. Em exibição desde 29 de setembro, o Cinema da Universidade de São Paulo apresenta um universo temático diversificado, onde, até 26 de outubro, o espectador terá a oportunidade de conhecer as mais significativas obras do cineasta. Segundo Pedro Nishi e Thiago Almeida, curadores da Mostra Robert Wise, o objetivo era reunir um conjunto de obras que pudessem expressar a variedade de estilos e apresentar a qualidade técnica que permearam a carreira do diretor: “é uma seleção de filmes que visa contemplar a vasta trajetória e a plural filmografia de Wise, uma homenagem ao centenário do cineasta e uma oportunidade para o público conferir na sala de cinema sua maestria técnica e estética”.
Além das icônicas obras Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961) e A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965), serão exibidas outras que se tornaram referências dentro de seus gêneros, como o policial Nascido para Matar (Born to Kill, 1947), clássico do film noir e Jornada nas Estrelas: O Filme (Star Trek: The Motion Picture, 1979), primeiro longa da franquia de entretenimento de Gene Roddenberry. Para os curadores, a escolha do diretor não vem apenas do fato de seu centenário ocorrer em 2014, mas sim pela contribuição que Robert prestou à cinematografia mundial: “no campo da teoria e da crítica do cinema, ele é reconhecido com unanimidade como um cineasta completo, por ter dominado a arte de contar boas histórias, independentemente do gênero em que trabalhava.”
Serviço:
A Mostra Robert Wise, está em exibição no CINUSP Paulo Emílio (Rua do Anfiteatro 181, Colméia, Favo 37 - Cidade Universitária; telefone: 011 3091-3540) e no Centro Universitário Maria Antônia (Rua Maria Antônia, 258 e 294 - Vila Buarque; telefone: 011 3123 5200). Até 26 de outubro. Entrada Gratuita. Informações de horário e programação: www.usp.br/cinusp