Em artigo publicado na última edição da Revista de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. as professoras Sara Goldschimt, Maria Loschiavo e Luciene Santos apresentam a biografia e trajetória profissional, acadêmica e docente de Odiléa Helena Setti Toscano. A artista viveu de 1934 a 2015 e deixou registrados trabalhos em diversas áreas e com grande visibilidade, como os murais na rede de Metrô de São Paulo.
Descendente de italianos e sírios, Odiléa foi levada ao desenho pelo pai, que havia estudado desenho têxtil na Itália. Ingressou na FAU em 1953, e ainda como estudante, foi convidada a realizar trabalhos profissionais, como ilustrações para o suplemento literário do Estado de S. Paulo. Durante vários momentos da sua carreira continuou colaborando no mercado editorial, como na coleção de livros Jovens do mundo todo, uma série de cerca de 40 livros publicados pela Editora Brasiliense.
Em 1958 casou-se com João Walter Toscano, outro arquiteto de destaque da mesma geração. Junto a ele, realizou diversos trabalhos arquitetônicos que podem ser vistos até hoje na cidade de São Paulo, como a estação do Largo 13, que incorporou elementos de ambos integrantes do casal desde o início do projeto. “João Walter e Odiléa foram companheiros durante toda a vida, beneficiados por uma colaboração intelectual e afetiva contínua”, afirma Luciene Santos.
Os trabalhos da arquiteta estão espalhados por outras estações paulistas, como Paraíso, Jabaquara, Santana e São Bento, parte da iniciativa dos anos 90, chamada “Arte No Metrô”. Seus murais, tratamentos cromáticos são marcados pelas linhas curvas e pela simplicidade, tinham como intenção representar elementos da natureza.
Estação do Largo Treze(Créditos: TripAdvisor)
Durante quase três décadas, Odiléa foi docente da FAU-USP, mais especificamente no Grupo de Disciplinas de Programação Visual, ministrando aulas sobre linguagens visuais, como Meios de Expressão e Representação e a optativa Linguagens dos Recursos de Reprodução Gráfica.
Os trabalhos práticos envolviam problemas relacionados com a linha, a superfície, o volume, a cor, o desenho como meio de representação e expressão e a imagem fotográfica. “Suas aulas exerceram forte influência especialmente para aqueles estudantes que já mostravam uma inclinação para a área da programação visual”, declara Luciene.
Outro ponto de destaque da atuação de Odiléa é a integração da mulher no mercado do design, que na época era predominantemente masculino. A classe em que entrou na FAU era formada por 25 homens e apenas 5 mulheres. Era raro testemunhar uma figura feminina no comando de um projeto arquitetônico ou visual, e a arquiteta abriu caminho para outras profissionais que a seguiram.
“Com tristeza, as autoras deste artigo lamentaram sua partida, em uma tarde ensolarada do outono de 2015”, finaliza o texto-homenagem. “Perdemos nossa companheira, mas sua obra permanecerá vibrante e pronta a ser explorada, para melhor compreensão das relações entre o design e o ambiente construído.”
O artigo completo pode ser lido no Portal de Revistas da USP