Coral USP faz 40 anos


Ouça o Coralusp
O Pato, Neusa Teixera e Jaime Silva
O Último Blues, Chico Buarque

©:Francisco Emolo
Muitos alunos faziam a graduação com a cabeça na música. A história foi freqüente e aconteceu com Alberto Cunha. Formou-se no Instituto de Física da USP em 1982. Em 1986, foi convidado para reger um grupo no Coralusp e decidiu cursar música na Escola de Comunicações e Artes. Hoje, é regente e coordenador artístico do coral. “Não achava que isso iria passar de um hobby. Existe o preconceito de não enxergar uma carreira profissional na música. Uma vez, disse que sou músico e me perguntaram o que eu faço de verdade.”

©: Francisco Emolo
A funcionária do Departamento de Informática da Reitoria Tânia Almeida gosta tanto de música, que resolveu entrar em contato com o Coralusp para abrir um grupo de ensaios da sua unidade. “Música é o meu hobby, adoro cantar.” Em 2007, o Coralusp Reitoria vai para o seu segundo ano. “Para mim, isso é qualidade de vida”, diz Tânia.


Escândalo e tradição tupiniquim

Nos anos 60, o País era abafado pela ditadura militar enquanto a música popular brasileira transpirava a vontade de falar mais alto. No campus da USP, faixas espalhadas convidavam novos cantores para o Coralusp dizendo: “Mais do que nunca é preciso cantar”. Nesses tempos conturbados, a grande manobra do grupo foi introduzir a música não-erudita no ambiente dos corais. Tal prática já existia na Europa, mas não com tamanha fertilidade pluricultural como no Brasil.

“Isso, na época, foi um escândalo. Mas, começamos a quebrar essas discriminações estabelecendo uma via de circulação que abrangia folclore (Ouça: Cantiga de Santa Maria, autor anônimo, século 13), música popular urbana (Ouça: O Pato, de Neusa Teixera e Jaime Silva), até o contemporâneo (O Ùltimo Blues, de Chico Buarque) e as vanguardas (Não disponível em áudio). Eu dizia para fazermos música popular e de protesto. Mas para ter relevância, também precisávamos da música de escola, Brahms e Villa-Lobos” explica o maestro.

A escola antes dos sociólogos

À medida que o coro ganhava projeção, mais gente queria fazer parte do grupo. Juarez estima que, ao longo desses 40 anos, mais de 10 mil pessoas já cantaram no Coralusp. Só na primeira leva, entre estudantes da Poli, da EE e da comunidade uspiana, eram quase 400 participantes. Para atender à demanda, novas turmas foram sendo criadas em horários diferentes no Prédio da Antiga Reitoria (base do Coralusp) e em novos locais (Faculdade de Direito, Estação Ciência, Casa de Dona Yayá, Reitoria, Instituto de Pesquisas Tecnológias), totalizando 13 grupos em toda a USP. Estrategicamente, o Coralusp também assumiu o papel de escola, oferecendo formação em canto coral, história da música popular e erudita, aulas de piano e regência.

“Isso que a Sociologia chama hoje de inclusão social, nós já fazíamos desde o início, mas sem saber que tinha essa função. A pluralidade sempre foi presente: há alunos, professores, funcionários e uns 30% de comunidade externa”, explica Juarez. O maestro também é seguidor da máxima de Milton Nascimento: “O artista tem que ir onde o povo está”. Por isso, as apresentações no Teatro Municipal já se revezaram com praças e ruas de São Paulo, incluindo até a grande feira do Ceasa.

 

 

< anterior página 1 | 2 | 3 seguinte >

   





web
www.usp.br/espacoaberto