Lei desafoga o judiciário e facilita a vida de cidadãos

 

 

 

 



“Maria José Bento Lopes passou seis anos lutando contra a LER-Dort. Assim como ela, milhares de paulistanos são acometidas por doenças relacionadas ao trabalho todos os anos”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desiludida com a ausência de resultados, Maria José desistiu do tratamento. No entanto, com o tempo, as dores passaram ao cotovelo, ao punho e, finalmente, ao braço inteiro. A situação se tornou insuportável. “Eu não conseguia dormir, passava noites em claro.” O inchaço e as dores agudas ininterruptas levaram a secretária a procurar outro médico, que, após uma série de exames detalhados, diagnosticou LER-Dort e emitiu uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para o Centrinho.

Inicialmente, Maria José ficou afastada por 15 dias, com o braço imobilizado. Em seguida, voltou ao trabalho, mas, como as dores continuaram, foi afastada mais uma vez, por 60 dias. Após esse período, durante o qual fez fisioterapia, passou por uma perícia no INSS (Instituo Nacional do Seguro Social) e retomou a mesma função exercida anteriormente, o que se revelaria um erro: “Ritmo e organização do trabalho são algumas das principais causas de LER”, revela Maria Maeno.

Como continuou a executar digitações em excesso, Maria José voltou a sentir muitas dores e começou a perder a sensibilidade no braço, bastante inchado. “Já não tinha forças para pegar um copo, comecei a entrar em depressão.” De fato, como afirma Maria Maeno, esse é mais um sintoma das LER: “Em decorrência das dores excessivas, do sentimento de incapacidade e da exclusão do mercado de trabalho causados pelas LER, a pessoa é conduzida a um processo depressivo”.

Com isso, Maria José teve que ser novamente afastada, dessa vez por 90 dias. Paralelamente ao tratamento feito com o médico do convênio oferecido pelo Centrinho, ela passou a se tratar com uma especialista em medicina do trabalho. Após muita hidroterapia e imobilizações periódicas completas, a auxiliar administrativa voltou ao trabalho, porém, seguindo recomendações de nova perícia do INSS, numa nova função: recepcionista.

Maria José revela que ainda sente algumas dores e que, por isso, a vigilância e o tratamento têm que ser constantes – “Não passo mais horas na frente do computador, não sofro pressão da minha chefia e faço hidroginástica regularmente”. Embora o ideal fosse permanecer no novo cargo, ela voltou a trabalhar como auxiliar administrativa depois de algum tempo, agora na Seção de Pós-graduação do Centrinho.

Além de pessoas que trabalham com digitação, as LER-Dort podem atingir uma infinidade de outros profissionais, tais como operários de linhas de montagem, caixas de supermercados, bancários, teleatendentes, enfermeiros e auxiliares de cozinha. No campus da capital da USP, existe um órgão que trabalha especialmente para diagnosticar situações de risco e evitar que casos complicados como o de Maria José se repitam. Trata-se do Serviço de Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt), que, segundo o coordenador Douglas Alexandre Garcia, “faz um trabalho conjunto de monitoramento ambiental e médico”.

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