De bióloga a diretora da escola de engenharia de São Carlos

 

arte com imagens do arquivo pessoal de angelita e foto de Francisco Emolo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

©: arquivo pessoal
Maria do Carmo durante aula, em 1991.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Na UFSCar, Maria do Carmo concluiu bacharelado e licenciatura – a última opção, ela admite que foi por insistência dos professores – e com a autorização do chefe de departamento, porque ainda não havia sido diplomada, se inscreveu para o exame de Mestrado. Aprovada em primeiro lugar, em três anos defendeu a dissertação. O próximo passo foi em direção à Escola de Engenharia de São Carlos, mais especificamente ao Departamento de Hidráulica e Saneamento. Ali iniciou o doutorado, seguindo seu tema de pesquisa (sistemas aquáticos) e ao mesmo tempo agregando conhecimento de outras áreas. “Eu queria fazer o doutorado em outra universidade para diversificar; para acrescentar uma visão diferente. Foi muito bom. Eu era a única bióloga da minha classe; o restante, só engenheiros. E as aulas... eram para engenheiros. Lembro que estudava todas as noites na biblioteca e eles me ajudavam nas minhas deficiências. Tive que estudar muito, mas isso também acrescentou muito à minha formação.”

Determinada, a professora terminou o doutorado em dezembro de 88 e, em julho do ano seguinte, foi contratada pela Escola de Engenharia para ministrar aulas na graduação. Era o começo do trabalho que cresceu, diversificou e resultou em sua indicação para o maior cargo da unidade. As aulas na graduação se estenderam para a pós-graduação. Depois veio a coordenação de dois programas de pós-graduação e, em 2002, assumiu seu último cargo antes da diretoria: o de presidente da Comissão de Pós-Graduação da EESC, com 19 áreas de concentração e cerca de 1.300 alunos. “Assumi quando tinha acabado de ser implementado o regimento da pós-graduação na USP. Era muito difícil, porque os professores não estavam adaptados ao novo sistema, mas acredito que fiz um bom trabalho. Durante esses quatro anos, participei de várias comissões na Pró-Reitoria e tudo isso me deu uma experiência muito grande, possibilitando que eu entendesse melhor como funcionava a Universidade. Ainda não sei tudo”, disse.

Se o plano de estudante era ser bióloga e se dedicar à pesquisa, as atividades desempenhadas em sua carreira mostraram também afinidade para a administração. O desafio maior, segundo ela, no entanto, foi acatar a recomendação de alguns professores e se lançar candidata à diretoria. “Não foi fácil tomar essa decisão. Eu imaginava que seria quase impossível por não ser engenheira e por ser mulher, já que os votantes, na grande maioria, são homens. Vou dizer a verdade: a ficha realmente caiu no dia da votação. Entrei no anfiteatro e me perguntei: Maria do Carmo o que você está fazendo aqui? Aí só pensei: acho que sou uma baixinha de muita coragem por ter chegado aqui”, relembra ela, primeira da lista tríplice.

A indicação da nova diretora foi feita pela professora Suely Vilela, que também deixa seu registro como a primeira reitora da USP. Maria do Carmo não se incomoda com esse destaque dado ao fato de ser a primeira diretora, mas ressalta: “No começo, logo depois de ser escolhida, ficou um pouco complicado porque muitos colocavam assim: ‘Agora as mulheres estão ocupando o lugar dos homens'. E não é nada disso. A pessoa está lá porque é eficiente. Na Universidade, todo mundo sabe exatamente o que a gente faz”.

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