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Maria do Carmo durante aula, em 1991.
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Na
UFSCar, Maria do Carmo concluiu bacharelado
e licenciatura – a última opção,
ela admite que foi por insistência
dos professores – e com a autorização
do chefe de departamento, porque ainda
não havia sido diplomada, se inscreveu
para o exame de Mestrado. Aprovada em
primeiro lugar, em três anos defendeu
a dissertação. O próximo
passo foi em direção à Escola
de Engenharia de São Carlos, mais
especificamente ao Departamento de Hidráulica
e Saneamento. Ali iniciou o doutorado,
seguindo seu tema de pesquisa (sistemas
aquáticos) e ao mesmo tempo agregando
conhecimento de outras áreas. “Eu
queria fazer o doutorado em outra universidade
para diversificar; para acrescentar uma
visão diferente. Foi muito bom.
Eu era a única bióloga
da minha classe; o restante, só engenheiros.
E as aulas... eram para engenheiros.
Lembro que estudava todas as noites na
biblioteca e eles me ajudavam nas minhas
deficiências. Tive que estudar
muito, mas isso também acrescentou
muito à minha formação.”
Determinada, a professora terminou o
doutorado em dezembro de 88 e, em julho
do ano seguinte, foi contratada pela
Escola de Engenharia para ministrar aulas
na graduação. Era o começo
do trabalho que cresceu, diversificou
e resultou em sua indicação
para o maior cargo da unidade. As aulas
na graduação se estenderam
para a pós-graduação.
Depois veio a coordenação
de dois programas de pós-graduação
e, em 2002, assumiu seu último
cargo antes da diretoria: o de presidente
da Comissão de Pós-Graduação
da EESC, com 19 áreas de concentração
e cerca de 1.300 alunos. “Assumi quando
tinha acabado de ser implementado o regimento
da pós-graduação
na USP. Era muito difícil, porque
os professores não estavam adaptados
ao novo sistema, mas acredito que fiz
um bom trabalho. Durante esses quatro
anos, participei de várias comissões
na Pró-Reitoria e tudo isso me
deu uma experiência muito grande,
possibilitando que eu entendesse melhor
como funcionava a Universidade. Ainda
não sei tudo”, disse.
Se o plano de estudante era ser bióloga
e se dedicar à pesquisa, as atividades
desempenhadas em sua carreira mostraram
também afinidade para a administração.
O desafio maior, segundo ela, no entanto,
foi acatar a recomendação
de alguns professores e se lançar
candidata à diretoria. “Não
foi fácil tomar essa decisão.
Eu imaginava que seria quase impossível
por não ser engenheira e por ser
mulher, já que os votantes, na
grande maioria, são homens. Vou
dizer a verdade: a ficha realmente caiu
no dia da votação. Entrei
no anfiteatro e me perguntei: Maria do
Carmo o que você está fazendo
aqui? Aí só pensei: acho
que sou uma baixinha de muita coragem
por ter chegado aqui”, relembra ela,
primeira da lista tríplice.
A indicação da nova diretora
foi feita pela professora Suely Vilela,
que também deixa seu registro
como a primeira reitora da USP. Maria
do Carmo não se incomoda com esse
destaque dado ao fato de ser a primeira
diretora, mas ressalta: “No começo,
logo depois de ser escolhida, ficou um
pouco complicado porque muitos colocavam
assim: ‘Agora as mulheres estão
ocupando o lugar dos homens'. E não é nada
disso. A pessoa está lá porque é eficiente.
Na Universidade, todo mundo sabe exatamente
o que a gente faz”.
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