Por Daniel Fassa
fotos por Francisco Emolo e Cecília Bastos

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divulgação
Lado a lado, as fotos evidenciam a diferença do espaço ocupado pelo transporte individual e pelo transporte coletivo.

 

 

 


© Cecília Bastos
Orlando Strambi, professor da Escola Politécnica da USP e especialista em transporte urbano, aposta na ampliação do número de corredores de ônibus como a melhor forma de solucionar o problema dos transportes em São Paulo.


Sonho de consumo, os automóveis são os maiores responsáveis pelo tráfego pesado em São Paulo; a solução está nos coletivos

Movimento, dinamismo, modernidade, exaltação da máquina e dos grandes centros urbanos. Pouco tempo atrás, no início do século 20, eram esses os valores norteadores da vanguarda literária futurista. Sua inspiração: os recém-criados automóveis. Ali se iniciava o fascínio do homem diante de seu fabuloso invento. Hoje, carros, ônibus, caminhões e motocicletas inundam metrópoles no mundo inteiro e seu poder de fascínio já não é tão grande assim. Pelo contrário, esses veículos são apontados como um dos principais responsáveis pelo caos em que se transformaram grandes cidades como São Paulo.

Pesquisa qualitativa realizada pelo Ibope em abril de 2007 junto a lideranças de movimentos sociais (ONGs e instituições) e segmentos da população (indivíduos de 16 a 40 anos das classes A, B, C e D) revela que, para a maioria dos paulistanos ouvidos, a perda diária de preciosas horas no trânsito e em transportes públicos é um dos principais problemas da capital. Violência, desemprego, poluição e degradação ambiental, foram outras mazelas apontadas.

São Paulo possui 17.260 km de vias públicas e uma frota de cerca de 5 milhões de veículos, segundo dados do IBGE. Desses, quase 3,8 milhões são automóveis e 490 mil são motocicletas. A São Paulo Transporte S/A ( SPTrans) contabiliza aproximadamente 15 mil ônibus municipais. Some-se a isso os 60,2 km das linhas de Metrô, com suas 54 estações, e os 118,8 km da rede ferroviária municipal. Para diversos especialistas, o evidente predomínio do transporte automotivo individual chegou ao seu limite. O atual modelo não é sustentável, seja do ponto de vista logístico, seja do ponto de vista ambiental.

“No mundo inteiro, o automóvel passa historicamente por um momento de descontrole. Está claro que não cabe tudo o que querem colocar de automóvel no mundo. A sociedade vê congestionamento e acha que falta rua. Não falta. Dê quantas ruas você quiser, que você acomodará melhor os maiores congestionamentos que vão passar a existir”, afirma Orlando Strambi, professor da Escola Politécnica da USP e especialista em transporte urbano. Diante disso, o que fazer? Para ele, não se trata de eliminar completamente os automóveis, mas, sim, otimizar o tráfego, priorizando os meios de transporte coletivos.

Strambi aposta na ampliação do número de corredores de ônibus como a melhor forma de solucionar o problema dos transportes em São Paulo, já que, com eles, pode-se aproveitar a extensa malha rodoviária já existente, um patrimônio que, em sua opinião, não pode ser descartado. Além disso, o engenheiro aponta a rapidez e o baixo custo desse investimento em relação ao Metrô como uma grande vantagem. “Embora se fale do Metrô como uma coisa desejável, ele tem um ritmo de implantação muito lento. E o seu custo é dez vezes maior que o custo de se fazer um corredor de ônibus num padrão bem razoável.”

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