A visão do atleta como um herói – aquele homem ou mulher quase sobre-humano, capaz de superar obstáculos intransponíveis para os mortais comuns e conquistar a glória da vitória – é o único traço que ainda liga as Olimpíadas modernas aos jogos da Antigüidade, disputados em Olímpia, na Grécia, desde o século 8 antes de Cristo até 394 da era cristã. Cercado por interesses comerciais, políticos e estratégicos, os Jogos Olímpicos hoje também preservam muito pouco dos ideais pedagógicos que motivaram o Barão de Coubertin a recriar as competições, no final do século 19. A análise é da professora Katia Rubio, coordenadora do Grupo de Estudos Olímpicos (GEO) da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. “Atualmente, o esporte é mais um dos produtos do neoliberalismo. É um campo de trabalho como qualquer outro e talvez gerador de lucro como poucos, que funciona dentro de um modelo neoliberal”, diz Katia. Os Jogos Olímpicos de Pequim, que terminam neste domingo, dia 24, servem ainda para eliminar preconceitos em relação à China que persistem no Ocidente, destaca o professor David Jye Yuan Shyu, do curso de Língua e Literatura Chinesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele, os jogos são uma oportunidade de a China eliminar a imagem de país atrasado e se firmar perante o mundo como uma nação moderna. A Olimpíada pode transmitir importantes ensinamentos também aos jornalistas brasileiros. Para o professor Luciano Maluly, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em artigo nesta edição, a mídia deve aproveitar a ocasião dos jogos para rever sua cobertura esportiva e passar a dar destaque a outras modalidades, além das tradicionais, como futebol, vôlei e automobilismo – sempre visando à saúde e à educação do povo brasileiro. E mais: em novo livro, a jornalista Sônia Bridi revela um pouco do modo de vida na China, onde viveu por dois anos como correspondente da Rede Globo de Televisão. especial
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