Como pesquisadora do Napedra desde 2004, venho verticalizando investigação acerca da relação do ator/performer consigo mesmo e com contextos de alteridade em diferentes comunidades. Entende-se que a captura deste teatro em continuidade real/ficcional dá-se justamente pela Artetnografia, que desemboca na Mitodologia em Artes Cênicas, termos entrelaçados e por mim cunhados no decorrer da pesquisa. A Artetnografia traduz-se pela prática realizada por artistas cênicos ao se deslocarem aos locais onde vivem aqueles que intentam pesquisar, para que nesta interação polifônica e subjetiva possa promover a criação da cena performática. A Mitodolgia, por sua vez, é um complexo de procedimentos para criação cênica, que vem a lidar com forças pessoais que movem o atuante na relação consigo e com o campo artetnografado. Norteada pelos pressupostos da Antropologia da Experiência, pelos estudos de Victor Turner e Richard Schechner, base das pesquisas desenvolvidas no projeto tematico do Napedra, pude apreender que a verdade da experiência artetnográfica é a sua forma, isto é, seu modo específico de pôr significados em circulação, sua performance, do qual a viagem ao outro é parte fundamental da viagem ao si mesmo nos laboratórios mitodológicos. Mais do que ir à comunidade para extrair dela estímulos à criação cênica, perfazer a jornada na busca da afetação traduz-se como um estado de comunhão, e nesta trança tem-se a oportunidade de inscrever um pouco da história de cada artista envolvido no processo numa história comum.

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