A proposta deste texto é apresentar o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) como um fabulador que se conforma ao paradigma de “narrador” como problematizadopelo pensador alemão Walter Benjamim (1882-1940).
O objetivo deste artigo é destacar afinidades entre Walter Benjamin e Guimarães Rosa além de avaliar como os conceitos e pensamentos de Benjamin passaram a ser incorporados à fortuna crítica sobre Grande sertão: veredas ao longo das últimas décadas. Para tal, foram analisados textos dos principais pensadores que se dedicaram à obra de Rosa, com atenção especial àqueles que se debruçaram concomitantemente à obra de Benjamin no Brasil. Conclui-se que o pensamento benjaminiano passa a relampejar de forma cada vez mais intensa a partir da década de 90, com destaque especial para os conceitos de narrador, romance e epopeia e para os ensaios com uma abordagem mais histórica, política e social do romance.
Embora essencialmente um contador de estórias, Guimarães Rosa desenvolveu um estilo muito sofisticado para construir suas narrativas, combinando o falar arcaizante do sertão com a dicção solene da tradição clássica e com os experimentos da vanguarda cosmopolita. Pesquisando seus arquivos, podem-se encontrar cadernos de anotações onde o escritor registrou versos populares, fragmentos de relatos de vaqueiros, estórias de fada, vocabulário típico da lida do campo, citações dos clássicos do bucolismo e informações dos viajantes naturalistas do século XIX. Uma leitura comparativa entre esse tipo de notas manuscritas e os contos publicados nos permite captar uma teoria da linguagem própria de Rosa, que corresponde, como ele mesmo dizia, a um tipo de técnica tradutória. Assim, para tentar explicar tal teoria é muito útil tomar de empréstimo de Walter Benjamin alguns conceitos e metáforas operacionais, uma vez que se pode surpreender uma impressionante semelhança entre o pensamento dos dois escritores.
Propõe-se neste artigo uma análise das relações entre fragmentação e ideologia nas Teses sobre a filosofia da história, de Walter Benjamin, e no Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Em que pesem as diferenças importantes de foco e estilo entre essas obras, os dois escritores guardam em comum a coerência entre a matéria do seu compromisso crítico e a estruturação fragmentária com a qual teceram cuidadosamente os seus textos. No romance de Rosa, isso se evidencia pela construção do enredo e os aforismos que pontuam momentos diversos da narrativa; nas teses benjaminianas, pela montagem das seções e das frases, infensas a uma harmonia e articulação estreitas que findariam por ocultar as contradições da própria realidade história. Com semelhante procedimento, tais
experiências buscam contribuir à crítica da ideologia e ao delineamento de espaços por onde ainda se insinuariam possibilidades utópicas. Não se excluem os aspectos trágicos do exercício, que manifestam a peculiaridade da recepção da cultura clássica nos dois autores.
O presente texto tem como objetivo analisar a obra Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa, um importante nome da literatura brasileira. O fio condutor desta análise é o conceito de experiência presente no pensamento de Maurice Blanchot e Walter Benjamin. A experiência aparece aqui tanto para compreender o exercício da escrita, enquanto narrativa, como para compreender a relação do ser humano com o mundo. Nesta compreensão buscarse- a pensar a relação possível entre a literatura, filosofia e educação, em um diálogo constante com a própria vida.
Nosso objetivo é fazer uma leitura do conto "Famigerado", de Guimarães Rosa, a partir do conceito de limiar, conforme Walter Benjamin. Pretendemos articular esse conceito com uma das categorias estéticas mais estudadas na obra de Guimarães Rosa: a ambiguidade. Assim, o espaço de transição em que se dá a narrativa se integra ao corpo ambíguo da linguagem, possibilitando não só a emergência de chistes por parte do jagunço Damásio, como também propiciando ao personagem-narrador uma oportunidade de se equilibrar no limiar da significação. Se o conceito de limiar em Benjamin permite um pensamento por imagem, processo semelhante ocorre na escrita rosiana.
Neste artigo se propõe dialogar com as reflexões filosófico-estéticas e formativas de Walter Benjamin, Theodor Adorno e Guimarães Rosa sobre a problemática da “violência e educação”, na perspectiva de problematizar e enfrentar a violência como barbárie, que perpassa as relações sociais e educacionais no atual quadro de dominação e de hegemonia do sistema capitalista neoliberal. E para realizar esse percurso, pretende-se o texto trilhar os seguintes passos: a violência reinante na escola de educação básica; Walter Benjamin e a crítica da violência; a violência nos escritos de Theodor Adorno; a violência como puro meio em A Benfazeja, de Guimarães Rosa; a violência divina na formação dos educandos.
Estudo da obra Corpo de baile, de Guimarães Rosa buscando perceber como a dispersão das personagens da primeira estória, seus reagrupamentos nas novelas intermediárias e a reintegração final, formam as ranhuras que amarravam o conjunto. Além de analisar como esses elementos de composição, que sustentam a unidade do livro, têm também um fundo ideológico, ou seja, apresentam uma visão da história e uma concepção da vida e do mundo.