Neste artigo, são analisados comparativamente o romance de formação paradigmático Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, sob a perspectiva teórica de Mikhail Bakhtin.
Este artigo se propõe a analisar o mito fáustico a partir de seu contexto de origem e também sob a ótica dos autores que fizeram uso desse mote. Para tanto, serão utilizadas as obras de Goethe, Machado de Assis, Thomas Mann e João Guimarães Rosa para a intelecção desse processo. Priorizamos no recorte a diferença de contextos de publicação, tanto temporais quanto espaciais, para abalizarmos a maneira como o pacto fáustico assentou-se na literatura ao longo do tempo. As divergências e convergências foram a base para um estudo sobre uma possível relação homológica entre os romances Doutor Fausto e Grande Sertão: Veredas no que concernem aos seus valores simbólicos amalgamados a uma dada realidade social. Outrossim, os teóricos basilares desta pesquisa foram: Watt (1997), Goldman (1967), Candido (2002), Eliade (1999) e Lukács (1965). Cada qual auxiliou na investigação de características individuais das narrativas para, no fim, estabelecer conjecturas sobre o pacto fáustico na literatura como um todo.
As reflexões apresentadas neste breve artigo surgiram a partir de uma leitura de duas obras – o Fausto de Goethe e Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa -, leitura que tenta mostrar não tanto os pontos em comum entre os dois textos, mas, sobretudo, as divergências em relação à questão pactária, isto é, as modalidades nas quais os dois protagonistas, Fausto e Riobaldo, realizam o encontro com o diabo, com o “mal”. Na obra do escritor mineiro se evidencia um afastamento dos topoi que caracterizam as obras relativas a esse tema – ao contrário do que ocorre no Fausto de Goethe – e se chega à conclusão de que só “existe é o homem humano”.
A originalidade e a especificidade da obra de J. G. Rosa residem em sua capacidade de dialogar com culturas e formas de expressão muito diversas. Esse diálogo não nivela as diferenças sociais e políticas, religiosas e nacionais, estéticas e éticas, porém lhes confere tensão dramática e permite vê-las em perspectivas inusitadas. Analisaremos alguns desses eixos a partir da análise de "O Espelho", conto que visa, para além do diálogo com Machado de Assis, uma reflexão sobre o realismo e o idealismo na literatura. Rosa inscreve sutilmente sua reflexão poética na tradição de Flaubert e Dostoiévski, de Goethe e Musil.
A proposta deste artigo é analisar os traços dos textos de João Guimarães Rosa, Johann Wolfgang von Goethe e John Milton, a saber, Grande sertão: veredas, Fausto e Paradise lost, que compõem diálogos poético-bíblicos, cantos paralelos ou transcriações. Este artigo também investigará como o romance brasileiro dialoga com a peça trágica alemã na elaboração e recriação do mito do Diabo e seus desdobramentos, elementos esses que também estão presentes no diálogo entre os textos em alemão e em inglês. A noção de diálogo aqui trabalhada é a estudada por Mikhail Bakhtin, o qual sugere a ideia de dialogismo como constitutivo da intertextualidade, com o texto passando a ser visto como uma absorção de e uma resposta a um outro texto. Neste movimento de absorção de elementos e resposta a outros textos, a lógica do suplemento de Jacques Derrida promove a noção de diálogo com o termo funcionando como a escrita de proliferação de significados.
O ensaio pretende explanar sobre a travessia de Riobaldo em Grande sertão: veredas, como modelar do herói problemático na concepção proposta por Lukács, em A Teoria do Romance, através do estudo do episódio do (suposto) pacto demoníaco empreendido pelo protagonista da obra de Guimarães Rosa, nas Veredas-Mortas, feito que conduz a trajetória do herói por entre dúvidas e questionamentos, inerentes ao modelo lukacsiano. O estudo da obra rosiana será realizado por meio de análise comparativa com o pacto demoníaco realizado por Fausto, na obra homônima de Goethe, e de trechos de outras obras derivadas do tema do pacto demoníaco, como Dr. Fausto, de Thomas Mann e O mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov.