Neste ensaio, trato da representação da homossexualidade na literatura e no cinema brasileiro, apresentando inicialmente um panorama de como esse tema foi tratado, principalmente nas nossas narrativas. A primeira seção do texto é, então, de cunho geral, mas afunila-se pelo critério da seletividade, nas duas seções seguintes, em que um dos romances mais importantes da literatura nacional (Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa) torna-se objeto de análise, juntamente com duas de suas leituras fílmicas: O cinema falado (1986), de Caetano Veloso, e Rio De-janeiro, Minas (1991), de Marily da Cunha Bezerra. O livro roseano em si já traz a questão da homossexualidade, como já foi apontado por críticos como Adélia Bezerra de Meneses, e o tema se potencializa nas abordagens fílmicas de Caetano e Marily, carregadas de signos ricos de significado quanto a esse assunto. No caso do filme Rio De-janeiro, Minas, entendo que não só o amor de Riobaldo e Reinaldo foi sua inspiração, mas também o de Lala e Glória, de Buriti, que compõe o Corpo de baile, obra também do autor mineiro, publicada alguns meses antes do célebre romance, em 1956.
In This paper we shall show the dialogues between two productions historically distant, the short story "A Terceira Margem do Rio", by Guimarães Rosa, and the music of Caetano Veloso and Milton Nascimento.
Neste texto, pretendo trabalhar com o conto "A terceira margem do rio", no contexto do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, confrontando-o com o filme de Nelson Pereira dos Santos e a música de Milton Nascimento e Caetano Veloso, ambos com o mesmo nome. Os três trabalhos nos mostram o efeito de repetição no processo narrativo.
O conto A terceira margem do rio, integrante da obra Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa, relata um acontecimento extraordinário: um homem decide abandonar a família e o convívio social para ir viver indefinidamente dentro de uma canoa, no rio. Em sua trajetória pública, este conto influenciou a produção de diversas obras, como canção, cinema e instalação artística. Pretende-se, com este estudo interartes, verificar como os recursos estéticos verbais e não verbais enriquecem as produções artísticas e ampliam a forma de se comunicar sentidos e alteridades. Na análise dos intertextos e das transposições de obras de linguagem verbal em obras de linguagem não verbal, pretende-se verificar como se realizam as acomodações aos recursos estéticos próprios de cada linguagem, sem se desfazer os vínculos com a obra original. As diferentes expressões de alteridade na literatura e nas artes visuais, bem como os limites impostos à linguagem visual em confronto com os limites da linguagem escr