Este trabalho pretende demonstrar que, na novela "Uma estória de amor", de João Guimarães Rosa, a geografia simbólica se desloca, provocando o esboroamento das noções holísticas de territoriedade. Ao encenar, na novela, uma travessia poética, João Rosa insere a paisagem cerrada do sertão no seu modelo de universo: um sertão multicultural, seu império suevo-latino. Na constelaridade vertiginosa da narrativa/festa/viagem, as estórias proliferam e se intercambiam umas às outras, nada deixando fixar. A comunidade imaginada do autor -a partir da negociação das diferenças -interrompe o continuum da cultura, inscreve-se numa cartografia imaginária, para inaugurar
um novo território.
Neste texto, pretendo trabalhar com o conto "A terceira margem do rio", no contexto do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, confrontando-o com o filme de Nelson Pereira dos Santos e a música de Milton Nascimento e Caetano Veloso, ambos com o mesmo nome. Os três trabalhos nos mostram o efeito de repetição no processo narrativo.