O presente artigo realiza um estudo sobre o conto
“Conversa de Bois”, publicado em Sagarana (1984), de João
Guimarães Rosa. Partindo do universo popular da narrativa,
passando pelo recurso do mito utilizado, o nosso estudo, situando as
relações de dependência e servidão da personagem Tiãozinho e dos bois
ao carreiro Agenor Soronho, focaliza a reflexão das vozes bovinas na
qual se encadeia uma crítica à marcha civilizacional de subjugo ao
reino animal. Precisamente o desrecalque da fala dos bois, liberando a
imagem de uma ancestralidade escravizada e emudecida pelo tempo
histórico, reclama um lugar de justiça e visibilidade para a alteridade
obliterada.