Este artigo tem como objetivo fazer uma análise dos contos "William Wilson", de Edgar Allan Poe, e "O espelho", de João Guimarães Rosa, histórias que tratam do intrigante tema da duplicidade humana. O método utilizado para o trabalho baseia-se numa comparação entre os contos, buscando sempre uma reflexão sobre a inegável presença de um “duplo” no personagem narrador, de tal forma que se estabeleça um franco diálogo entre os contos, fixando-se não apenas nos elementos comuns, mas, também, nas suas diferenças. O material utilizado consiste nos contos em questão, textos a respeito do estilo dos dois escritores e no artigo psicanalítico “O estranho”, de Freud. O estudo demonstra como o tema do “duplo” pôde ser explorado de forma original por ambos os escritores, expondo sua genialidade no tema tratado.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta de curso virtual para formação continuada a professores de literatura e alunos de graduação em letras, a fim de ampliar o repertório didático e pedagógico deles. O tema do trabalho diz respeito à leitura de contos no ensino médio. Foram escolhidos dois cânones para o desenvolvimento do curso: Guimarães Rosa e Edgar Allan Poe. Cada um deles terá dois contos contemplados. Há raros cursos e estudos sobre a prática de ensino de literatura em escolas regulares. Devido também a isso, há muitas questões sobre ensino e aprendizagem de literatura na educação básica. O presente curso tem como principal objetivo o desenvolvimento de unidades didáticas por parte dos cursistas, respeitando as especificidades de seus locais de trabalho. Para tanto, além do embasamento teórico oferecido, há uma parte para o estudo sobre como eles já abordam ou pensam em abordar contos no ensino médio. A partir daí, é possível escrever as unidades. Espera-se que, ao fim, sejam elaborados materiais didáticos aplicáveis e eficientes nas escolas. Sendo online, foi utilizada a plataforma moodle para o desenvolvimento do curso. São apresentados recursos do designer instrucional, diferenciais e riscos do projeto, bem como possibilidades para sua adaptação em diversos contextos educacionais do Brasil, pois é um curso de baixo custo e estrutura que permite o trabalho com outros autores, conforme as especificidades de determinado local.
Faculdade de Letras / Departamento de Ciência da Literatura
Este trabalho consiste numa reflexão crítica a partir da leitura de alguns contos de Edgar Allan Poe e João Guimarães Rosa, privileg iando os aspectos sonoros e visuais desenvolvidos por meio de recursos tipográficos e de impressão. Procura-se mostrar que os dois autores, ao explorar de forma maximizada as possibilidades de sua arte - eminentemente verbal e, portanto, simbólica - rompem com seus limites, pois trazem à tona os níveis indiciais e icônicos virtuais na linguagem verbal, e, desse modo, situam seus textos numa área limítrofe, onde diversas artes se amalgamam e interagem complexamente. Para esta reflexão contribuiu o estudo das concepções cosmogônicas de Poe e Rosa. Foi nossa preocupação apontar como, intimamente ligadas à sua concepção de linguagem, elas se expressam em seus textos, principalmente na forma e no método de escritura. Numa perspectiva intersemiótica/interdisciplinar, foram de grande valia, nesta abordagem, o conceitual teórico haurido da Semiótica de Charles Sanders Peirce e preceitos da mística judaica.
Este trabalho propõe uma abordagem teórica da evolução do conto como gênero nos séculos XIX e XX, analisando momentos representativos de seu desenvolvimento formal em literaturas de expressão linguística inglesa e portuguesa. Para tanto, foram selecionadas obras de escritores que sintetizam e articulam certas tendências comuns ao gênero. Destacam-se, ao longo do trabalho, os contos escritos por Edgar Allan Poe, João Guimarães Rosa, James Joyce, Jorge de Sena, Virginia Woolf e Clarice Lispector, aos quais também se adiciona a produção dos irmãos Grimm, de Alexsandr Afanas’ev (advindos de outras expressões linguísticas) e de Câmara Cascudo. Os contos são discutidos a partir do tratamento enunciativo das formas de tempo e espaço e das relações dialógicas entre as diversas consciências que constituem as narrativas (autor, narrador e personagens), além da particular tensão, percebida na evolução do gênero, entre as tentativas de aproximar formalmente o conto de, por um lado, uma expressão de caráter comunitário, e, por outro, uma expressão de caráter individual.