Guimarães Rosa, na múltipla narrativa do conto “Cara-de-Bronze” - do livro “No Urubuqùaquá, No Pinhém”, pertencente ao “Corpo de Baile” - recorre à figura contextual do cantador. João Fulano, cancionista do sertão, é quem a encarna. Sentado na varanda da Casa do Cara-de-Bronze está este personagem, dedilhando sua viola e desafiando suas coplas em versos, “é para si que ele toca um alegrável” (Rosa: 1965, p. 98).
Corpo de Baile” de João Guimarães Rosa apresenta efeitos sinfônicos, percebidos nas diversas vozes que se entrecruzam e nos diferentes tipos de sons descritos. A narrativa acontece em concomitância com a poesia que canta os movimentos da natureza em seu devir. Sua prosa tem fortes raízes não só na música trabalhada pelos poetas e cantadores do sertão como também na emanação melódica da natureza. O mundo de Rosa se faz mundo em grande escala através de sua manifestação sonora. Sua escrita, porém, não permanece atada apenas ao relato e à preservação intencional do verbo ancestral. O escritor presta homenagem à fecundidade do mundo auditivo, fonte da memória e residência de toda tradição oral. Onde coisas e casos – as estórias que correm os gerais - se manifestam e os silêncios habitam.
Investigação de algumas questões em torno do silêncio e suas relações com alquimia, criação e linguagem através de sua influência na composição da obra de João Guimarães Rosa e de reflexões de
pensadores que tratam do tema.