Este artigo examina nos contos “A hora e vez de Augusto Matraga” (1946) e “Os irmãos Dagobé” (1962), de João Guimarães Rosa, as dimensões míticas e ficcionais presentes nas configurações das narrativas e dos personagens. Seguindo as pistas teóricas oriundas de estudos da fortuna crítica da obra rosiana, como Galvão (1978) e Hansen (2007), este estudo tem como hipótese as relações entre os personagens Nhô Augusto e Liojorge com estruturas arquetípicas ligadas às histórias de Jó, Abraão e do guerreiro São Jorge. Tendo por base teórica o texto The sense of an ending de Frank Kermode (2000), pretende‑se, ao mesmo tempo, refletir, além desse aspecto estruturante, em que medida have‑
ria uma autonomia na constituição dessas unidades literárias, ao elucidar o caráter indeterminado e aberto ligado a tais práticas de escrita literária.