O objetivo desse artigo é comparar analiticamente o conto “O espelho”, de Guimarães Rosa e o poema “Depus a máscara”, de Álvaro de Campos. A escolha dos textos tem por base o fato de ambos tratarem da dicotomia essência versus aparência, utilizando como elementos de ligação a máscara e o espelho. Contudo, a particularidade em comum aos textos que mais chama atenção é a relação estabelecida por seus autores entre essência do ser com a imagem infantil. Para tanto, a análise terá como suporte teórico as ideias de Sabine Melchior-Bonnet, Stuart Hall, Jean Chevalier e vários outros.
O presente artigo tenta articular leitura comparativa de três textos fragmentos de um romance, uma carta e fragmentos poéticos (de Guimarães Rosa, António Nobre e Álvaro de Campos, respectivamente)
sob o signo da ausência do corpo. Na textualidade de cada um dos gêneros contemplados pelo olhar do
leitor, a corporalidade se faz ausente de formas diferenciadas, articulando discursos metonímicos de um mesmo desejo, ainda que não necessariamente nominado. A perspectiva comparatista e o aparato psicanalítico se fazem operacionalmente interessantes e eficazes.