Propomos a seguinte questão: “Será o Homem um ser de linguagem que só existiria a partir do momento em que conseguisse estabelecer uma comunicação com o Outro e com o Universo ao seu redor? No conto “A menina de lá”, que integra a obra “Primeiras Estórias”,nos deparamos com uma complexa personagem idealizada por João Guimarães Rosa. Trata-se da Nhinhinha – uma menina com menos de quatro anos de idade-, que nos revela a dificuldade da criança diante da necessidade de comunicar-se. Neste conto de João Guimarães Rosa, a personagem principal personifica a relação da criança com o poético. Esta relação entre criança e poesia pode ser constatada em várias instâncias. É imprescindível ainda levarmos em conta como uma criança processa as suas próprias reflexões e nos aprofundarmos em sua forma de raciocínio, apreensão e expressão destas.
O objetivo desse artigo é comparar analiticamente o conto “O espelho”, de Guimarães Rosa e o poema “Depus a máscara”, de Álvaro de Campos. A escolha dos textos tem por base o fato de ambos tratarem da dicotomia essência versus aparência, utilizando como elementos de ligação a máscara e o espelho. Contudo, a particularidade em comum aos textos que mais chama atenção é a relação estabelecida por seus autores entre essência do ser com a imagem infantil. Para tanto, a análise terá como suporte teórico as ideias de Sabine Melchior-Bonnet, Stuart Hall, Jean Chevalier e vários outros.
O presente estudo apresenta algumas reflexões acerca do pensamento infantil e seus aspectos poéticos. Para tanto, inspiramo-nos em um conto de João Guimarães Rosa, extraído do livro Primeiras estórias, intitulado “A partida do audaz navegante”. A protagonista do conto é uma criança cujo olhar poético é traduzido em um discurso também poético e polifônico, rico em desvios sintáticos e em criações vocabulares insólitas e instigantes. O conto enfocado revela a presença de um olhar lírico e filosófico sobre as situações cotidianas, que rompem com os paradigmas tradicionais e trazem à tona o imprevisível. A protagonista da história em questão apreende e compreende a realidade pelo viés poético, criando, deste modo, revoluções discursivas poéticas para as situações cotidianas. E é justamente este olhar que a faz ver novas possibilidades onde ninguém consegue ver. Esta forma singular e imprevisível de produzir os discursos por parte da criança na obra de Guimarães Rosa é similar aos gestos discursivos da criança de um modo geral, que, no presente estudo, relacionamos aos do poeta. As surpreendentes desacomodações sintático-gramaticais presentes nas falas da protagonista, longe de serem encaradas como erros gramaticais, fazem-nos refletir sobre o vigor do discurso infantil e as suas idiossincrasias, reflexos de um universo lírico e criativo. O pensamento mágico da criança e sua perplexidade diante do universo que a cerca se expressam por meio de um discurso também mágico e insólito, como o dos poetas. Deste modo, por meio de um diálogo com o filósofo Bachelard, em sua Poética do devaneio, propomos, neste estudo, uma apreciação do discurso infantil no que ele possui de mágico e original, fruto de devaneios criativos, desamarrados dos condicionamentos da linguagem mecânica e instrumentalizada.
O presente estudo apresenta algumas reflexões acerca do discurso infantil e seus aspectos poéticos. Para tanto, inspiramo-nos em um conto de João Guimarães Rosa, extraído do livro Primeiras estórias , intitulado "A partida do audaz navegante". A protagonista possui um olhar poético traduzido em um discurso polifônico, rico em desvios sintáticos e em criações vocabulares insólitas. O conto enfocado revela a presença de um pensamento infantil lírico e filosófico sobre as situações cotidianas, rompendo com os paradigmas tradicionais e previsíveis. É justamente este pensamento que leva a protagonista para regiões onde ninguém consegue chegar. A forma de produção do discurso por parte da criança na obra de Guimarães Rosa será comparada, neste estudo, aos modos poéticos de pensar. As surpreendentes desacomodações sintático-gramaticais presentes nas falas da protagonista revelam o vigor do pensamento infantil. A perplexidade da criança diante do universo que a cerca se expressa por meio de um discurso também mágico e insólito, como o dos poetas. Deste modo, por meio de um diálogo com o filósofo Bachelard, em sua Poética do devaneio , propomos, neste estudo, uma apreciação do pensamento infantil no que ele possui de poético, fruto de devaneios criativos, desamarrados dos condicionamentos da linguagem mecânica e instrumentalizada.
O artigo caracteriza a criança a partir do personagem central da novela Campo
Geral, de João Guimarães Rosa: Miguilim. Na obra a identidade infantil é construída a partir
de passagens do livro que estão associadas às particularidades do personagem. Desde a mais
tenra idade, o indivíduo tem necessidade de pertencer a determinado grupo e sofre com a
dificuldade de aceitação pela sociedade, inclusive pela própria família. A dificuldade da
participação espontânea das crianças nas práticas sociais evidencia a exclusão e
marginalização sofrida por esse grupo há tempos e ainda na contemporaneidade. A
necessidade de um novo olhar para a criança é justificada pelo sofrimento, apresentado pelo
personagem, ao ser incompreendido e ignorado. A construção identitária da criança nesta obra
do escritor Guimarães Rosa quer chamar a atenção para este grupo, que precisa ser aceito e
acreditado como seres de personalidade e identidade próprias.