No presente artigo o autor se propõe levantar algumas polêmicas quanto à abordagem que é feita da sexualidade no campo literário. A sexualidade que ao longo da história ocidental tem sido mostrada ora como pecado ora como doença, do ponto de vista literário alcança outras conotações já que o texto artístico não tem pretensões dogmáticas, moralizadoras, nem se define como detentor de verdades confirmadas cientificamente. Ao longo deste artigo-ensaio arriscam-se alguns conceitos e interpretações referentes aos “desvios” de conduta sexual vinculando-os ao dia-a-dia das pessoas representadas nos entrechos literários. Com ilustrações que vão de Petrônio, Apuleio e Sófocles até Adolfo Caminha e Guimarães Rosa apresentam-se dados sobre a sexualidade humana que o campo literário nos ajuda a desmistificar. Para além dos romances heterossexuais convencionais, neste trabalho mostra-se que a literatura possui um potencial de expressão da realidade humana que muitas vezes é camuflado, ou simplesmente não é tornado visível e, por isso, estas linhas podem causar certo estupor no leitor.
Este texto tem como objetivo refletir sobre o trágico na literatura moderna. A presença da tensão entre doxa e aletheia é o ponto partida deste trabalho, que se situa entre a literatura e a retórica. A proposta é demonstrar como essa tensão está presente tanto na tragédia grega quanto no romance moderno, caracterizando-a assim como um dos elementos que definem o trágico. Como exemplo de tragédia, analiso a peça Filoctetes, de Sófocles, encenada no final do século V a.C., momento em que Athenas implodia sob o julgo da guerra do Peloponeso. Como exemplo de romance moderno, analiso a obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, escrito na segunda metade do século XX. Nela pretendo apresentar a presença da tensão entre doxa e aletheia através da análise do relato de Riobaldo, e explicar quais proximidades podem ser estabelecidas entre o trágico para a literatura clássica e para a literatura moderna.