No conto “Curtamão”, de ‘Tutaméia (terceiras estórias)’, de Guimarães Rosa, o narrador marca a presença do narratário. Ou seja, propõe-se a contar, mas inclui, neste ato, a imprescindível participação de uma segunda pessoa, atuando juntamente com ele. Nosso trabalho busca pontuar, neste conto, a importância do narratário e sua participação ativa na construção do discurso do narrador. Também analisamos como, a partir desta estruturação, o texto se volta para o próprio ato de narrar, ressaltando o processo de criação artística de modo geral e a importância do papel ativo do destinatário da arte para a concretização desta como tal.
No presente artigo o autor se propõe levantar algumas polêmicas quanto à abordagem que é feita da sexualidade no campo literário. A sexualidade que ao longo da história ocidental tem sido mostrada ora como pecado ora como doença, do ponto de vista literário alcança outras conotações já que o texto artístico não tem pretensões dogmáticas, moralizadoras, nem se define como detentor de verdades confirmadas cientificamente. Ao longo deste artigo-ensaio arriscam-se alguns conceitos e interpretações referentes aos “desvios” de conduta sexual vinculando-os ao dia-a-dia das pessoas representadas nos entrechos literários. Com ilustrações que vão de Petrônio, Apuleio e Sófocles até Adolfo Caminha e Guimarães Rosa apresentam-se dados sobre a sexualidade humana que o campo literário nos ajuda a desmistificar. Para além dos romances heterossexuais convencionais, neste trabalho mostra-se que a literatura possui um potencial de expressão da realidade humana que muitas vezes é camuflado, ou simplesmente não é tornado visível e, por isso, estas linhas podem causar certo estupor no leitor.