O presente texto tem como ponto de encontro uma vereda, isto é a possibilidade de convergir um diálogo da imagem literária no conto Famigerado de Guimarães Rosa, com alguns conceitos da linguagem comum na obra Investigações Filosóficas de Ludwig Wittgenstein. Rosa e Wittgenstein são pensadores contemporâneos e inovadores na pluralidade dos conteúdos discursivos, respectivamente, na Literatura e Filosofia, que trouxeram à baila novas expressões linguísticas acerca do cerne da existência humana, a linguagem. O texto, por fim, tem o objetivo de reforçar novas experiências para o importante debate, a partir da ótica da linguagem entre a Filosofia e a Literatura.
Este artigo propõe uma reflexão acerca da linguagem como abertura para novas formas de vida. A partir de um diálogo com a novela “Cara-de-Bronze”, de Guimarães Rosa, e com textos de Wittgenstein, Viveiros de Castro, Beckett, entre outros, busca-se pensar na língua como passagem, como silêncio e como esquecimento. Ao observar a materialidade atuante na escrita performática, o trabalho procura mostrar a linguagem como um espaço de encontro com as diferenças do outro e com a indeterminação da vida. O silêncio não deve ser compreendido como ausência de som, e sim como uma escuta que atenta para os ruídos do mundo ao redor, possibilitando assim o surgimento de outras sensibilidades.