Este trabalho tem como intuito analisar como se dá a manifestação do poder e da violência, tecido sobre a inevitabilidade e fatalidade inerente ao trágico, no conto “Esses Lopes”, de Guimarães Rosa, mostrando a forma como Flausina, a personagem-narradora, sofre um processo de anulação como ser humano diante da força opressora da ordem masculina, quando ela é transformada sucessivamente em esposa de vários homens da família Lopes. Para subverter isso, essa mulher vale-se da violência, o mesmo método com o qual a submeteram, revelando-se a única maneira possível de alterar uma lógica aparentemente imutável.
O presente artigo pretende apresentar uma pequena análise do conto "Meu tio o iauaretê" (Guimarães Rosa), mostrando algumas marcas da tragédia grega na sua construção, sobretudo no que tange à representação do outro, tal como ocorre com o Dionísio, o estrangeiro lídio de As bacantes (Eurípedes). No papel desse outro, o personagem central vive uma crise de identidade: como branco, acaba incorrendo contra os valores da religião judaico-cristã; como índio, endossa alguns valores do mundo branco e, como animal, entra em confronto com a sua natureza humana.