O presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre a questão animal a partir da leitura de duas narrativas de Guimarães Rosa, "O burrinho pedrês" e "Conversa de bois", publicadas em 1946, em Sagarana. A pesquisa tem como fio condutor o estudo sobre os critérios que preconizaram a cisão entre o homem e o animal. Para tanto, recorre às discussões sobre zoopoética e biopolítica propostas por Maria Esther Maciel, que identifica na racionalidade e na visão antropocêntrica uma espécie de hierarquia que permite a prática da dominação animal. Entrecruzando referências bibliográficas sobre o animal e os textos críticos sobre Guimarães Rosa, sugere-se repensar as personagens animais nessas duas narrativas de Rosa, distanciando-se de leituras alegóricas ou simbólicas
Tendo como corpus os contos Meu tio Iauaretê e O Burrinho Pedrês, de João Guimarães Rosa, pretendo apresentar o andamento de minha pesquisa sobre a representação de personagens literários em condição de humanização e/ou animalização. O estudo terá como fio condutor a análise sobre a “linguagem” e o “pensamento” como critérios determinantes para essa condição, tendo em vista o meu interesse em identificar os aspectos ou as circunstâncias que estabelecem a fronteira entre o humano e o animal. Para tanto, com a contribuição teórica de Norbert Elias e de Starobinski, proponho problematizar o conceito de civilização cuja definição está estritamente correlacionada a padrões de comportamento e à distinção social. Nesse sentido, procuro sustentar a possibilidade de que a fala organizada (bem como determinadas variações da língua) está associada a uma forma articulada de pensamento e, por isso, torna-se critério civilizatório e de humanização. Paralelamente a essa perspectiva, recorro às discus