Tendo como corpus os contos Meu tio Iauaretê e O Burrinho Pedrês, de João Guimarães Rosa, pretendo apresentar o andamento de minha pesquisa sobre a representação de personagens literários em condição de humanização e/ou animalização. O estudo terá como fio condutor a análise sobre a “linguagem” e o “pensamento” como critérios determinantes para essa condição, tendo em vista o meu interesse em identificar os aspectos ou as circunstâncias que estabelecem a fronteira entre o humano e o animal. Para tanto, com a contribuição teórica de Norbert Elias e de Starobinski, proponho problematizar o conceito de civilização cuja definição está estritamente correlacionada a padrões de comportamento e à distinção social. Nesse sentido, procuro sustentar a possibilidade de que a fala organizada (bem como determinadas variações da língua) está associada a uma forma articulada de pensamento e, por isso, torna-se critério civilizatório e de humanização. Paralelamente a essa perspectiva, recorro às discus
Uma das características que garante destaque ao romance O coração das trevas, de Joseph Conrad, e que será decisivo na repercussão de sua história é a maneira como constrói imagens. Conrad constrói uma imagem da África, do projeto colonial e, especialmente, dos povos nativos do Congo, apresentados em condição de selvageria. Diferentemente do selvagem em Conrad, o personagem de “Meu tio, o Iauaretê”, de Guimarães Rosa, é quem possui a palavra na narrativa e quem apresenta sua história. A partir da leitura dos textos literários, será problematizada a concepção de “humanização” adotada por Antônio Cândido em “Estímulos da criação literária” (1965), “A literatura e a formação do homem” (1972) e “O direito a literatura” (1988), além do trabalho etnográfico sobre a sociedade caipira Os Parceiros do Rio Bonito (1964). A discussão acerca das categorias de civilização e barbárie, humanização e animalização, será norteada pelos pressupostos teóricos de Antônio Cândido e do diálogo com outros au