João Guimarães Rosa (1908-1967) é considerado um dos nomes de maior atuação e
reconhecimento no cenário de revitalização da linguagem literária. Tendo em vista a
extensa utilização de neologismos em sua narrativa e a maneira como tal uso refletiu
mudanças características no cenário literário brasileiro, este artigo busca verificar e
analisar os itens lexicais compreendidos como neologismos, tanto vocabulares quanto
semânticos, em seu conto “São Marcos”, publicado na obra Sagarana (1946). Nessa
perspectiva, pode-se observar o processo de criação da narrativa em estudo,
compreendendo a importância do uso de determinados vocábulos em sua construção,
assim como a relevância do estudo do processo de neologia lexical.
Guimarães Rosa tem uma vasta fortuna de estudos, mas há ainda a discutir sobre o realismo mágico presente na obra, bem como a rede de particularidades que demarcam as presenças de narrador e narratário. Então, a proposta aqui descrita é de suscitar algumas reflexões em torno do realismo mágico presente no conto “São Marcos”, delineando as possíveis marcas de narrador e narratário, estudados em uma perspectiva enunciativa, a partir de discussões no campo da literatura e da linguística. Para tanto, as contribuições de autores como Benveniste (1989), Prince (1980), Roas (2014) e Todorov (1981) tornam-se indispensáveis nesta análise. Em linhas gerais, o trabalho pretende contribuir nas discussões sobre realismo mágico, buscando interfaces entre teorias linguísticas e literárias.