Neste artigo, buscamos problematizar questões sobre espaço e fragmentação em Grande sertão: veredas, tomando por base o modo tenso e ambíguo como Riobaldo organiza sua experiência, analisando as relações da personagem com o espaço. Acompanharemos a trajetória do narrador-protagonista em sua interminável busca pela verdade. A sua infinita travessia, real e simbólica, movida por fugas, mudanças inesperadas, desencontros e recomeços fazem com que o sertão, o mundo de Riobaldo, fique “à revelia”. Partindo das discussões propostas por Davi Arrigucci Jr., Carlos Garbuglio, João Adolfo
Hansen de que Grande sertão: veredas é uma obra de sentido aberto em que há uma busca da ordenação do mundo por Riobaldo, propomos analisar na obra os elementos que permitem discutir a tese da “Nostalgia da certeza perdida”. Claudia Campos Soares chama a atenção para “impossibilidade da fixação do sentido das coisas e da linguagem” na obra, sobretudo no que se refere às dúvidas e questionamentos do narrador-protagonista. “O desejo classificatório de Riobaldo está relacionado ao que poderíamos chamar de nostalgia do centro e da certeza perdida” (SOARES, 2014, p. 183).
Guimarães Rosa tem uma vasta fortuna de estudos, mas há ainda a discutir sobre o realismo mágico presente na obra, bem como a rede de particularidades que demarcam as presenças de narrador e narratário. Então, a proposta aqui descrita é de suscitar algumas reflexões em torno do realismo mágico presente no conto “São Marcos”, delineando as possíveis marcas de narrador e narratário, estudados em uma perspectiva enunciativa, a partir de discussões no campo da literatura e da linguística. Para tanto, as contribuições de autores como Benveniste (1989), Prince (1980), Roas (2014) e Todorov (1981) tornam-se indispensáveis nesta análise. Em linhas gerais, o trabalho pretende contribuir nas discussões sobre realismo mágico, buscando interfaces entre teorias linguísticas e literárias.