Neste trabalho, investigaremos como a morte, considerada um momento limítrofe para a existência humana, é configurada na narrativa Fatalidade, presente no volume de Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa. Utilizamos a semiótica discursiva, uma teoria e metodologia erigida na década de 1960 por Greimas e outros semioticistas mais contemporâneos, tais como Claude Zilberberg, quem desenvolve os conceitos de intensidade e extensidade. Esses funtivos se mostraram úteis para a compreensão de como os atores se relacionam com a noção de fatalidade. Notamos que, no curto espaço de tempo em que os atores se relacionavam com a espera da morte, a extensidade e a intensidade se faziam presentes; a morte, enquanto objeto, mantém relações com o estado de alma dos atores.
O presente estudo tem como objetivo verificar como a morte, considerada um momento limítrofe para a existência humana no contexto ocidental, se apresenta sob uma espécie de encantamento na narrativa rosiana. Para compreender as tensões que perpassam o campo de presença do sujeito que se depara com a finitude, apresentamos uma análise a partir dos estudos da semiótica tensiva de Zilberberg, que concilia muitas das contribuições da fenomenologia de Merleau-Ponty junto com os postulados de uma semiótica de cunho estruturalista de Greimas. Acreditamos que é a partir dos conteúdos sensíveis que podemos compreender melhor os contos rosianos.