João Guimarães Rosa consagrou-se como um dos mais importantes escritores da Literatura Brasileira ao publicar, em 1956, Grande Sertão: Veredas, um romance de formação que transcende os aspectos do regionalismo, configurando-se como universal. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista Riobaldo, a obra traz, por meio da história de vida da personagem principal, diversos questionamentos sobre a existência humana e sobre o infindável duelo entre as forças antagônicas ?bem? e ?mal?. Neste trabalho, pretende-se propor uma análise sobre o mundo misturado existente em Grande Sertão: Veredas, atentando para o fato de que o romance, enquanto forma estética complexa, assimila gêneros textuais menores, advindos da tradição oral, como casos (ou causos). Será dedicada atenção especial ao caso de Maria Mutema, com o intuito de demonstrar a não gratuidade da inserção dessas narrativas menores no romance. Buscar-se-á demonstrar, também, a representatividade de tal caso no romance a fim de explicitar de que forma ele contribui para a construção de sentido da obra.