A partir de alguns pressupostos estéticos da Análise Dialógica do Discurso (ADD), este artigo discute o estatuto poético da obra de João Guimarães Rosa a partir de alguns discursos presentes na novela “Cara-de-Bronze”. Tomamos como base para nossas reflexões, em primeiro lugar, a impossibilidade de distinção entre a linguagem poética e a linguagem cotidiana, ideias caras ao Círculo de Bakhtin. Também recorremos a Bakhtin no que concerne ao objeto estético e suas relações inextricáveis com a vida, transfiguradas esteticamente para outro plano axiológico (plano dos valores). Propomos também neste artigo um esboço do que nomeamos de teoria dialógica da imagem poética.
Neste artigo, faço uma reflexão sobre a importância dos diálogos na construção de textos e discursos da novela “Cara-de-Bronze”, presente no volume No Urubuquaquá, no Pinhém, de João Guimarães Rosa. Discutirei também o estatuto da dimensão poética da obra em que o deslocamento e a convergência de seus centros de valor para um único centro de valor – o poético – mostram-se centrais para sua arquitetônica.