A literatura brasileira, passada em revista pelos historiadores da literatura, apresenta temas de variada identificação do brasileiro em diversas manifestações nativistas: Indianismo, Sertanismo, Regionalismo e Nacionalismo. Desde os primeiros textos literários, ainda em escritores com formação erudita, em Portugal, os historiadores detectam a condução do homem nascido no Brasil, emoldurado pela geografia, fauna, flora, língua e pelos costumes, à sublimação estética. Assim, em gêneros diversos: narrativa, poema épico, sátiras poemática e epistolar e teatro, encontram-se discursos definidores dos elementos particulares de uma nação, a determinar suas diferenças e autonomia em face de outras culturas. Este estudo evidencia as correspondências entre o desenvolvimento histórico nacional e sua expressão na linguagem literária. O tema nacional ocorre desde a lírica catequética de Anchieta, passando pela revisão modernista dos temas urbanos e rurais, recorrentes no cânone literário brasileiro.
Este artigo objetiva discutir o percurso do modo como o sertanejo é apresentado em obras literárias brasileiras a partir do Romantismo, primeiro estilo em que aparece como personagem, até a intensa liberdade das Tendências Contemporâneas. Fundamentado em discussões sobre sertanismo e regionalismo com Albuquerque Júnior (2011), Almeida (1999), Castro (1984) e Freyre (1976), este trabalho se direciona para um olhar de como o sertão/sertanejo se insere numa “caminho” trilhado dentro da produção literária no trajeto das épocas mencionadas. Deste modo, com o estudo empreendido, entende-se que o sertanejo mítico e depois realista dos oitocentos, modifica-se no forte lutador diante da seca e das injustiças sociais no século XX, utilizando-se da sua força, resistência e bom-humor que lhe são característicos, encarando as árduas sagas com seus únicos recursos, os impalpáveis.