Esforço de interpretação de Primeiras estórias como texto que explora a autorreferência como instrumento de coesão entre os diversos contos. A escolha de um universo semântico que remete à própria literatura permite ler a coletânea como compêndio metapoético crivado de “sorrisos e enigmas” endereçados aos leitores. Por fim, cruzando alegoricamente vida e obra do autor, vê-se como a escritura do livro pode ter servido como purgante do “ranço da vaidade”, facultando a Rosa inclusive o ingresso na Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte à publicação.
O artigo propõe uma leitura do personagem Riobaldo à luz de alguns conceitos da filosofia existencialista sartreana. Na imensa fortuna crítica do romance Grande sertão: veredas, há inúmeros estudos que partem de perspectivas filosóficas variadas, no entanto o Existencialismo tem ficado em segundo plano. A partir de considerações acerca da conduta do narrador em relação ao amor, ao medo e à coragem, e amparados sobretudo em reflexões de Antonio Candido e Willi Bolle, concluímos ser pertinente afirmar que Guimarães Rosa elabora a tomada de consciência de Riobaldo tendo em mira noções existencialistas, ademais contemporâneas da produção e publicação do romance, em 1956.