O presente artigo busca fazer uma leitura do conto “Desenredo” de João Guimarães Rosa,
onde se verifica que, embora se trate de um texto escrito, há a presença de um narrador oral.
Ou seja, o texto se mostra rico em marcas da oralidade, dispersas no discurso do narrador,
constituindo-se, desta forma, uma espécie de texto para ser ouvido em vez de lido. Esta marca
se acentua quando se percebe que há, no conto, a presença de um narratário que é designado
como os “ouvintes”. Procuramos mostrar que esse texto contrapõe duas culturas, a oral e a
cultura do mundo letrado. Entretanto, o homem pertencente ao universo iletrado não é visto
de forma exotizada como fizeram grande parte dos escritores que se dedicaram à literatura
regionalista. Ao contrário, Guimarães Rosa busca valorizar o homem com seus sentimentos,
dúvidas, desejos, não importando a que universo ele possa pertencer.