O trabalho propõe uma interpretação sobre o conto “Páramo”, do escritor brasileiro João
Guimarães Rosa. Ele foi publicado post-mortem, sendo a primeira edição em 1969. Nele,
anos após a experiência vivida na Alemanha, o autor conduzirá o leitor ao coração da
recordação traumática: um encontro com a morte. Sim, um “encontro com a morte. Não a
morte final – equestre, ceifeira, ossosa, tão atardalhadora, mas a outra, aquela”. A morte
aqui veste o semblante do sofrimento psíquico (pathos) intensamente vivenciado no
soroche, o mal das alturas, em função do ar rarefeito naquelas altitudes, mas também na
depressão profunda experimentada a partir daquele período de autoritarismo vivo (ethos)
da Alemanha em guerra, expresso em números genocidas. A abordagem propõe um
entrelaçamento entre história, cultura política e método clínico.