O presente artigo tem como objetivo retraçar a recepção de Primeiras Estórias (1962), de João Guimarães Rosa, em tradução francesa publicada em 1982, pela Editora Anne Marie Métailié. O artigo parte da introdução da obra na França feita por Paulo Rónai na revista universitária Caravelle, em 1965, para então analisar a obra romanesca e novelística de Rosa, desvelando os aspectos mais notáveis dos principais contos de Primeiras Estórias tanto do ponto de vista formal (inovador e pioneiro) quanto do ponto de vista diegético. A recepção francesa desse conjunto novelístico passou por várias fases das quais a primeira concerne a própria tradução em francês. Assim, apesar da excelente avaliação da qual foi alvo da parte de tradutólogos como Antoine Berman e Henri Meschonnic, o texto em francês, no qual a tradutora se esforçou para manter o teor linguístico inovador de Rosa, encontrou certas resistências inclusive da própria editora que permitiu que « correções » fossem aplicadas em versões posteriores. Passado esse primeiro momento de questionamentos formais,, novas leituras, a partir de 2012, surgem na França em que a hermenêutica prevalece sobre a linguística ou a tradutologia.
Palavras-chave: Guimarães Rosa. Primeiras Estórias. Inovação literária. Tradução.Recepção.
A tradução das obras de Guimarães Rosa é discutida por diversos enfoques, destacando em especial a dificuldade de transpor a originalidade do seu trabalho com o português para outras línguas. Neste artigo, buscamos apresentar um histórico da tradução do autor na língua inglesa, considerando a importância do contexto histórico e político em que essas traduções ocorreram. Para isso, apresentamos um breve panorama das traduções e das circunstâncias históricas que envolveram o processo tradutório, com base em Barbosa (1994), Fitz (2005; 2020), Liporaci (2013) e Morinaka (2017). A partir desta análise, concluímos que não se pode descartar a imagem da literatura brasileira no exterior e as relações entre Brasil e Estados Unidos como fatores de influência na recepção e crítica das traduções de Rosa na cultura de chegada.
Palavras-chave: Guimarães Rosa. Literatura brasileira traduzida. Recepção da literatura brasileira no exterior.
Pretende-se, neste artigo, refletir sobre o conceito de retradução no campo dos Estudos da Tradução e suas implicações na recepção crítica de determinado autor e obra em outro país. Segundo Robert Kahn (2010), a retradução é, sobretudo, uma atualização de um texto, que tem por objetivo central expor ao leitor da cultura de chegada uma nova interpretação da obra em questão, de modo que se apresenta naturalmente como um texto reativo. Nesse sentido, mais que a tradução, a retradução se aproxima da crítica literária, uma vez que pretende refazer um trabalho julgado insatisfatório, ou transitório, partindo de uma leitura crítica reparatória, de certa forma. Assim, para explorar tal conceito serão utilizados os trabalhos de críticos como Antoine Berman, Robert Kahn, Yves Gambier, entre outros, além de excertos retirados de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, bem como de suas traduções francesas, a fim de ilustrar as considerações aqui expostas.
Palavras-chave: Retradução. Grande Sertão: Veredas. João Guimarães Rosa.
Este artigo pretende analisar a recepção crítica de The Third Bank of the River, a tradução para a língua inglesa de Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa, bem como observar a postura tradutória de Barbara Shelby frente aos desafios linguísticos peculiares a este livro. Para isto, aproximarei vários trechos do texto fonte e de sua respectiva tradução em tabelas, observando um importante recurso da obra rosiana: a criação de trocadilhos a partir da subversão de expressões idiomáticas de uso consagrado. Com base nos dados analisados, o objetivo deste exercício é compreender até que ponto a tradução de Primeiras Estórias está mais próxima dos ideais de domesticação ou de estrangeirização e em que medida o plano estético, centro da obra de Guimarães Rosa, consegue ser reproduzido no processo de tradução. Oportunamente utilizo também a coletânea The Jaguar and other stories, na qual David Treece reúne e traduz oito contos de Guimarães Rosa, entre eles seis de Primeiras Estórias.
Palavras-chave: Recepção, Tradução, Literatura.