Em Grande Sertão: Veredas (1962), o narrador Riobaldo alude a um interlocutor que escuta sua narração. Em Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, um dos narradores, Manoel Perna, realiza um procedimento semelhante ao endereçar sua narração a um interlocutor que não conhecemos igualmente. Assim, há um ponto de contato entre a narração de ambos os romances do qual advém a formação da identidade individual pelo contato com a alheia. Neste artigo discutiremos este ponto de contato a partir do ‘ponto de sutura’, de Stuart Hall, e apresentaremos os efeitos depreendidos dessas interlocuções a partir de uma base teórica narratológica.