Ainda que Guimarães Rosa seja um autor conhecido e reconhecido por suas obras vinculadas ao super-regionalismo, é possível notar a influência da literatura fantástica em seus primeiros contos, reunidos e publicados em livro apenas em 2011. Este artigo visa mostrar o momento individual do autor e o momento literário da época em que ele escreveu os contos, considerados imaturos pela crítica. Para isso, analisaremos o conto “Tempo e Destino” e elencaremos aspectos da modalidade do fantástico nele, revelando o que pode ser considerado imitação e o que dessa imitação foi posteriormente assimilado pelo autor para consolidar sua identidade.
Este trabalho pretende analisar os contos “Umas formas” e “Estória n. 03” integrantes de Tutaméia: terceiras estórias (1979) de João Guimarães Rosa, dando destaque à aliança que se estabelece entre o real e o impossível na engenharia do texto e no arcabouço da linguagem literária. Para tal direcionamento, o viés teórico convocado é a noção contemporânea de fantástico, em particular a concepção endossada por Cortázar (2008), Calvino (2004) e Roas (2011, 2014), dentre outros estudiosos do gênero que destacam a dimensão transgressora da realidade para além do textual, sobretudo a noção de que o fantástico se instala no entrelaçamento do natural e do sobrenatural, do estranho e do familiar, do possível e do impossível.