O universo aberto pela obra Grande sertão: veredas, de Guimarães
Rosa, e seu lugar de marco da literatura brasileira fazem do projeto de sua
adaptação para quadrinhos uma aventura que desperta atenção e curiosidade.
Quais os caminhos a serem tomados para a construção do roteiro e quais as soluções encontradas para recriar, de modo geral ou em parte, o projeto enunciativo dessa obra contundente? Propomos a análise da adaptação de mesmo título feita por Rodrigo Rosa (arte) e Eloar Guazzelli (roteiro). Procuraremos explicitar algumas estratégias e escolhas dos adaptadores para entender os efeitos de sentido buscados na obra em quadrinhos em sua relação com o romance.
O artigo investiga as marcas dos diferentes sentidos do tempo que configuram o substrato do conto “A volta do marido pródigo” de Guimarães Rosa. São apresentadas três diferentes abordagens sobre o tempo: a primeira enfatiza a dimensão universal e mítica da obra; a segunda coloca o foco em uma dimensão sócio-histórica, que retrata a sociedade na época. Em seguida, é proposta uma terceira abordagem, menos explorada pelos críticos em geral, que procura analisar a dinâmica social retratada por meio da trama, com base na premissa de Gurvitch de que existe um tempo para cada formação social.